Casa de Carlos Marighella em Salvador será transformada em instituto de memória e formação política

A casa onde Carlos Marighella e Elza Sento Sé viveram será a sede do Instituto Carlos Marighella, em Salvador.
A casa onde Carlos Marighella e Elza Sento Sé viveram será a sede do Instituto Carlos Marighella, em Salvador.

A residência onde Carlos Marighella, político, guerrilheiro e poeta, viveu com sua companheira Elza Sento Sé, localizada no bairro de Nazaré, em Salvador, será transformada na sede do Instituto Carlos Marighella. O anúncio ocorreu durante um ato realizado na segunda-feira (04/11/2024), em homenagem a Marighella no local em que foi assassinado em São Paulo, na Alameda Casa Branca, por agentes da ditadura militar.

A iniciativa para a criação do instituto é pleiteada por militantes e entidades da sociedade civil, entre elas o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O ato ocorreu no Armazém do Campo, no bairro Campos Elíseos, em São Paulo, e contou com a presença de diversas lideranças e simpatizantes da causa.

Carlos Marighella, nascido em Salvador, fundou a Ação Libertadora Nacional (ALN) e foi um dos principais líderes da resistência armada contra a ditadura militar no Brasil. Sua trajetória política começou quando ainda era estudante de engenharia, ao se filiar ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Ele enfrentou diversas formas de repressão, incluindo torturas, encarceramento e exílio, em decorrência de sua militância política.

José Luiz Del Roio, radialista e político que foi cofundador da ALN, destacou a importância de preservar a memória dos acontecimentos que vivenciou e testemunhou. Ele, que também se uniu ao PCB na juventude, tem sido um dos responsáveis pela recuperação do acervo do partido, que foi enviado para Milão, na Itália, e atualmente está sob a guarda da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Em entrevista à Agência Brasil, Del Roio compartilhou suas recordações vinculadas à militância, ressaltando que a memória deve ser uma construção coletiva. Ele afirmou que a preservação das experiências e das histórias de luta é fundamental para a construção da memória social do Brasil.

“A nossa memória é coletiva, totalmente coletiva, algo bastante impressionante. Não é possível passar tudo isso para frente porque tem a vivência, mas, pelo menos, a experiência tem que se passar para frente para a construção da grande memória da sociedade do Brasil”, afirmou.

Carlos Marighella foi preso pela primeira vez em 1936, aos 24 anos, sendo torturado e mantido em cárcere por um ano, até receber anistia. Sua trajetória continuou marcada por prisões e torturas, culminando com sua participação na 1ª Conferência da Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS) em 1967, que levou ao seu afastamento do PCB. Em 1968, Marighella proclamou a necessidade de uma organização voltada para a luta armada, o que resultou na criação da ALN.

Marighella é frequentemente associado ao sequestro do embaixador dos Estados Unidos, que ocorreu em 1969, um evento que culminou em sua morte em uma emboscada por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) em São Paulo. A versão oficial dos eventos aponta um confronto armado, embora testemunhas indiquem que Marighella não teve oportunidade de se defender.

*Com informações da Agência Brasil.


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