O exército israelense anunciou, nesta terça-feira (12/11/2024), a morte de quatro soldados durante operações na Faixa de Gaza, elevando para 376 o total de militares israelenses mortos desde o início da incursão terrestre, lançada em 27 de outubro de 2023. Segundo a Defesa Civil palestina, os ataques também causaram a morte de 14 civis palestinos em Gaza e no Líbano. As operações militares ocorrem em meio a uma cúpula realizada na Arábia Saudita, onde países árabes e muçulmanos exigiram que Israel se retire dos territórios ocupados desde 1967 para a construção de uma paz “global” e duradoura.
Na manhã desta terça-feira, novos ataques israelenses foram registrados em áreas ao sul de Beirute, no Líbano. As ações ocorrem após Israel emitir um comunicado, em árabe, instruindo os residentes de bairros como Haret Hreik, Ghobeiry e Lailaki a evacuar as áreas e manter distância de pelo menos 500 metros dos edifícios, alertando sobre o risco de ataques iminentes. O porta-voz do exército israelense, Avichay Adraee, divulgou o apelo nas redes sociais.
Os ataques têm gerado baixas também em Gaza, onde, de acordo com o porta-voz da Defesa Civil palestina, Mahmoud Bassal, pelo menos 14 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas na manhã de terça-feira.
Reunião de cúpula e apelo à desocupação
Durante uma cúpula realizada em Riade, na Arábia Saudita, representantes de países árabes e muçulmanos reiteraram o pedido de retirada de Israel dos territórios ocupados desde 1967, afirmando que uma “paz justa e global” só será possível com o fim da ocupação israelense na Cisjordânia, Jerusalém Oriental, Faixa de Gaza e nas Colinas de Golã, territórios capturados por Israel na Guerra dos Seis Dias. A declaração final da cúpula defendeu a unidade dos territórios palestinos e a criação de um Estado palestino independente, com Jerusalém Oriental como capital.
O movimento islâmico Hamas, que governa Gaza, instou os países árabes e muçulmanos a atuarem conforme as resoluções da cúpula, solicitando medidas concretas para pressionar Israel a encerrar os ataques contra Gaza e garantir a independência palestina.
Impacto das relações com os Estados Unidos e as políticas de Trump
Durante o encontro, líderes e analistas discutiram as expectativas sobre o futuro governo do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que assumirá o cargo em janeiro. Em seu primeiro mandato, Trump apoiou iniciativas favoráveis a Israel, incluindo a transferência da embaixada americana para Jerusalém e a normalização das relações de Israel com países árabes como Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Marrocos e Sudão, através dos Acordos de Abraão. No entanto, o governo israelense, liderado por Benjamin Netanyahu, se opõe à solução de dois Estados e à coexistência pacífica entre Israel e Palestina, uma posição que recebe críticas da comunidade internacional.
Em discurso, o chanceler israelense Gideon Saar expressou que o estabelecimento de um Estado palestino não é uma alternativa viável, reiterando que uma administração palestina resultaria em um governo do Hamas, considerado inimigo de Israel.
Denúncias de violações e novos confrontos no Líbano
A cúpula também trouxe uma forte condenação às ações de Israel em Gaza, qualificando os ataques como “crime de genocídio”. Os participantes exigiram a proibição da exportação de armas para Israel e criticaram o governo israelense por ataques a representantes da ONU.
Desde 7 de outubro de 2023, quando combatentes do Hamas lançaram uma ofensiva no sul de Israel que resultou em 1.206 mortos e 251 reféns, o exército israelense intensificou os bombardeios contra Gaza. O Ministério da Saúde do governo do Hamas, com dados reconhecidos pela ONU, informa que mais de 43.600 palestinos foram mortos nos ataques.
O conflito também se estende ao Líbano, onde o exército israelense realiza uma ofensiva contra o Hezbollah. Segundo o Ministério da Saúde do Líbano, pelo menos sete civis, incluindo mulheres e crianças, morreram em bombardeios no sul do país.
Perspectivas e tensões regionais
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, declarou que o Irã permanece vulnerável a ataques contra suas instalações nucleares, classificando o momento como uma oportunidade para eliminar ameaças contra Israel. Em paralelo, o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, declarou que Israel deve respeitar a soberania do Irã, destacando a melhora nas relações diplomáticas entre os dois países após uma crise que durou sete anos.
Líder europeu condena ofensiva israelense em Gaza e pede ação internacional para cessar conflito
Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia, declarou nesta segunda-feira (11/11/2024) que a expressão “limpeza étnica” vem sendo amplamente utilizada para descrever os acontecimentos no norte da Faixa de Gaza, onde uma ofensiva militar israelense se desenrola desde 6 de outubro. Em comunicado pela rede social X, Borrell manifestou preocupação com o impacto dos bombardeios em áreas densamente povoadas, especialmente em Jabaliya, uma das regiões mais afetadas. O líder europeu afirmou que os deslocamentos forçados e a situação de fome imposta aos moradores violam as normas do direito internacional humanitário.
Segundo a Defesa Civil palestina, ao menos 25 pessoas, incluindo 13 menores, perderam a vida em um ataque contra uma casa em Jabaliya no domingo (10). Outro bombardeio, também no norte de Gaza, atingiu uma casa na Cidade de Gaza, resultando em mais cinco vítimas. Desde o início das operações militares, a população de Gaza, estimada em 2,4 milhões de pessoas, enfrenta restrições de movimento e enfrenta crescente insegurança alimentar, conforme relatos da ONU. Borrell alertou para a probabilidade de fome no norte do território, observando que o uso da fome como arma de guerra constitui uma violação legal.
Apelo da Arábia Saudita
Em uma cúpula árabe-islâmica realizada em Riad, o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, conclamou a comunidade internacional a intervir para interromper as ofensivas de Israel no Líbano e em Gaza. O evento, que reuniu líderes da Liga Árabe e da Organização de Cooperação Islâmica, refletiu o objetivo dos países árabes de consolidar uma posição de pressão diplomática sobre os Estados Unidos, em um momento de incertezas sobre as políticas externas do futuro governo de Donald Trump.
O príncipe saudita classificou as ações israelenses como “genocídio” e acusou o governo de Israel de realizar ataques que já resultaram em mais de 43.600 mortos, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, endossados pela ONU. A guerra em Gaza teve início após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, em que mais de 1.200 civis israelenses foram mortos e 251 reféns foram levados para Gaza. Segundo o exército israelense, 34 dos reféns morreram em cativeiro, e outros 97 permanecem em Gaza.
Operações de Israel no Líbano
No Líbano, a mídia estatal reportou que Israel intensificou ataques aéreos e terrestres, atingindo inclusive a região norte de Akkar, distante cerca de 150 quilômetros da fronteira israelense. De acordo com a Agência Nacional de Notícias do Líbano, uma casa na aldeia de Ain Yaacoub foi alvo de bombardeios. O ataque causou grande destruição e gerou deslocamentos de civis.
A partir de 23 de setembro, Israel intensificou sua campanha no Líbano, com alvos focados nas posições do Hezbollah no leste e no sul do país, incluindo áreas ao sul de Beirute. Desde o início do conflito, o Ministério da Saúde do Líbano registra mais de 3.240 mortes, das quais a maioria ocorreu nos últimos meses, à medida que as tensões se intensificaram.
No ataque a Akkar, moradores locais relataram explosões, enquanto as equipes de resgate trabalhavam na remoção de escombros em uma tentativa de localizar sobreviventes. O ministério da Saúde do Líbano comunicou, anteriormente, que ataques aéreos israelenses na cidade de Saksakiyeh, no sul do país, causaram a morte de sete pessoas.
*Com informações da RFI.
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