Pesquisadores indicam que EUA e Europa não devem ajudar na reconstrução de Gaza

Pesquisadores apontam que países do BRICS podem assumir papel crucial na recuperação da região devastada, em contraposição ao apoio ocidental.
Pesquisadores apontam que países do BRICS podem assumir papel crucial na recuperação da região devastada, em contraposição ao apoio ocidental.

A expansão recente do BRICS, que agora inclui países do Oriente Médio como Arábia Saudita, Irã e Emirados Árabes Unidos, abre a possibilidade de que esse grupo se torne um financiador relevante para a reconstrução da Faixa de Gaza. Em entrevista ao programa Mundioka da Sputnik Brasil, a pesquisa foi discutida por Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), e Giovana Branco, doutoranda em ciência política na Universidade de São Paulo (USP).

Segundo Rabah e Branco, a atuação do BRICS pode conceder maior autonomia ao povo palestino na administração da reconstrução da região, especialmente após o término do conflito que há mais de um ano afeta a área. Branco destacou que a participação do BRICS representaria um marco, diferenciando o grupo das potências ocidentais que historicamente contribuíram para a destruição da região.

O BRICS, que anteriormente contava com cinco membros (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), adicionou neste ano novos países, como Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Rabah enfatizou que a ajuda do BRICS poderia facilitar a criação de um governo palestino de unidade e reconciliação nacional, uma vez que países da região estariam em melhor posição para apoiar essa iniciativa.

De acordo com Rabah, é moralmente inaceitável que os Estados Unidos, que historicamente financiaram o que ele denomina de genocídio do povo palestino, participem da reconstrução de Gaza, lucrando com contratos e fornecimentos de empresas norte-americanas. Ele menciona que os Estados Unidos destinam anualmente bilhões de dólares a Israel, enquanto que a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que serão necessários pelo menos US$ 40 bilhões para a recuperação da infraestrutura da Faixa de Gaza, que ainda está sendo atacada.

As consequências dos ataques, iniciados em 7 de outubro de 2023, resultaram em mais de 45 mil mortes, segundo autoridades palestinas. O Comissário Geral da Agência de Assistência e Obras da ONU (UNRWA), Philippe Lazzarini, tem expressado a necessidade urgente de apoio internacional em reuniões sobre a situação na Palestina.

Branco ainda avaliou que uma reconstrução liderada pelos Estados Unidos e países europeus seria hipócrita, dado o histórico de negação de soberania e identidade cultural ao povo palestino. Rabah ressaltou que atualmente 80% da Faixa de Gaza está em ruínas, superando a destruição de cidades afetadas pela Segunda Guerra Mundial, e que a remoção dos escombros poderá levar de 7 a 14 anos.

Rabah também criticou a influência dos Estados Unidos sobre a ONU, que, segundo ele, impede uma postura mais contundente em relação aos ataques a Gaza. Ele apontou que a maioria dos países na ONU é favorável à Palestina, com apoio significativo da Ásia e da África, enquanto os Estados Unidos e Israel têm se oposto a resoluções que favoreçam os interesses palestinos.

Por fim, a cientista política Giovana Branco observou que a reconstrução física de Gaza não será suficiente sem um reconhecimento internacional da Palestina como um Estado soberano e independente. Ela apontou que a questão da legitimação política é fundamental para a construção de um futuro pacífico e estável na região, destacando que os atuais desafios políticos dificultam essa interação.

*Com informações da Sputnik News.


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