Brasil possui 64 parques tecnológicos, mas interiorização ainda é desafio para a inovação

Os parques tecnológicos têm sido fundamentais para o fomento à inovação no Brasil. Com 64 unidades operacionais e outras 29 em construção, o desafio atual é promover a interiorização desses centros, que estão concentrados principalmente nas regiões Sul e Sudeste. As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste ainda apresentam grandes oportunidades de expansão. A atuação desses espaços contribui para o desenvolvimento de empresas inovadoras e para a geração de empregos e receitas em diversas localidades.
O Parque de Inovação Tecnológica (PIT), localizado em São José dos Campos (SP), abriga empresas de alta tecnologia e é sede da Conferência Anprotec 2024.

O Brasil possui atualmente 64 parques tecnológicos em operação, conforme dados da plataforma InovaData, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Além dessas unidades, outras 29 estão em construção e oito estão sendo planejadas. Desde a criação dos primeiros parques, na década de 1980, com destaque para os de São Carlos (SP) e Campina Grande (PB), o Brasil tem avançado na criação de espaços de inovação que conectam universidades, centros de pesquisa e empresas.

A evolução dos parques tecnológicos no país reflete o esforço contínuo para impulsionar a inovação e a competitividade da economia nacional. A diretora de Apoio aos Ecossistemas de Inovação do MCTI, Sheila Pires, destaca a importância desses centros para o desenvolvimento de políticas públicas nas áreas de ciência, tecnologia, transição energética e bioeconomia. Ela enfatiza que, embora o Brasil tenha alcançado um bom nível de desenvolvimento nesse campo, há necessidade de interiorizar mais os parques, com foco em regiões como o Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Atualmente, a maior parte dos parques está concentrada nas regiões Sul e Sudeste, com muitos localizados em áreas metropolitanas. Sheila Pires aponta que o Norte, por exemplo, possui apenas um parque em funcionamento, no Pará, o PCT-Guamá. Outras duas iniciativas estão sendo desenvolvidas na região, mas ainda há uma grande lacuna a ser preenchida.

Adriana Ferreira de Faria, presidente da Associação Nacional das Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), destaca os impactos positivos dos parques tecnológicos na economia. As cerca de 3 mil empresas que operam nesses centros geraram, em 2023, aproximadamente R$ 15 bilhões em faturamento e mais de 75 mil empregos. Adriana ressalta que os investimentos públicos realizados nos últimos 30 anos, da ordem de R$ 7 bilhões, têm gerado resultados significativos para o país.

Além disso, a presidente da Anprotec observa que muitos parques tecnológicos ainda estão em fase de maturação, com grande potencial de crescimento nos próximos anos. À medida que esses parques atingem sua maturidade, espera-se que seus resultados se amplifiquem significativamente.

A história dos parques tecnológicos no Brasil remonta a 1984, quando o então presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque, iniciou a criação de programas para conectar centros de pesquisa com o setor empresarial. Os primeiros parques, como o de São Carlos (SP) e Campina Grande (PB), foram estabelecidos com a ajuda de instituições acadêmicas e governamentais, com o objetivo de impulsionar a pesquisa e a inovação no país.

Um exemplo do impacto desses parques é o de São Carlos, que conta com uma das maiores concentrações de doutores por habitante no país. O professor Sylvio Goulart Rosa Júnior, diretor técnico da Fundação Parque Tecnológico de São Carlos (ParqTec), explica que o parque ajudou a transformar a cidade, gerando riqueza local por meio da criação de empresas e patentes. São Carlos, com cerca de 250 mil habitantes, tem se destacado como um centro de inovação, sendo um modelo de sucesso para outras regiões.

O Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos (PIT), fundado em 2006, é outro exemplo relevante de como os parques tecnológicos têm impulsionado o setor de inovação no Brasil. Localizado em uma cidade histórica no desenvolvimento da indústria aeroespacial, o PIT abriga quase 400 empresas e se tornou um importante polo de inovação, principalmente no setor aeroespacial. A Tria Software, por exemplo, é uma das empresas que se beneficia do ambiente colaborativo do PIT para desenvolver soluções tecnológicas.

No entanto, como Sheila Pires aponta, o principal desafio atual é garantir que os parques tecnológicos se espalhem por todo o território nacional, oferecendo mais oportunidades para as regiões menos atendidas. Isso não apenas fortaleceria a inovação no Brasil, mas também promoveria maior inclusão social e desenvolvimento econômico em áreas mais afastadas dos grandes centros urbanos.

*Com informações da Agência Brasil.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.