Brasil registra o segundo maior juros real do mundo; Efeitos da medida são incertos

Na última reunião de 2024, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa de juros Selic de 11,25% para 12,25% ao ano, posicionando o Brasil com o segundo maior juro real do mundo. A medida visa conter a inflação, que já ultrapassou o teto da meta estabelecido pela autoridade monetária. Especialistas apoiaram a decisão, mas alertam para os desafios fiscais e as incertezas econômicas no próximo ano. A eficácia da estratégia, contudo, depende da implementação de políticas fiscais rigorosas.
A decisão de aumentar a taxa de juros da Selic foi tomada pelo Copom com o intuito de controlar a inflação e sinalizar a necessidade de ajustes fiscais no Brasil.

O Banco Central do Brasil elevou, na última reunião de 2024, a taxa de juros Selic de 11,25% para 12,25% ao ano, alcançando o segundo maior juro real do mundo. A decisão foi tomada com o intuito de controlar a inflação, que já superou o limite superior da meta estabelecida pelo próprio Banco Central. Segundo economistas consultados, a medida visa sinalizar à sociedade e ao mercado que o governo está tomando ações para combater a inflação e, ao mesmo tempo, tenta equilibrar a política fiscal.

O economista Alexandre Chaia, professor de finanças do Insper, defende que o aumento de 1 ponto percentual foi uma medida adequada diante do cenário inflacionário adverso. A alta do dólar e o pacote de corte de gastos do governo federal contribuíram para o aumento da pressão inflacionária, tornando a medida necessária. A inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou uma alta de 0,39% em novembro e acumulou 4,87% nos últimos 12 meses, o que está acima do teto da meta do Banco Central.

Gilberto Braga, professor de economia do Ibmec, também endossou a decisão do Copom, destacando que os juros mais altos têm efeitos sobre o custo do crédito, tornando o financiamento mais caro e dificultando o consumo de bens e serviços. Além disso, ele ressaltou que o Banco Central deve observar variáveis como inflação, contas públicas, atividade econômica e cenário externo ao definir a taxa de juros.

Em 2024, o Banco Central atuou de forma proativa ao elevar os juros desde agosto, como uma medida de controle da inflação. Essa postura foi destacada por vários especialistas, que consideram a atuação da instituição adequada, dado o contexto internacional e os riscos fiscais internos. Contudo, o economista Braga alertou que a instabilidade fiscal e a pressão para a implementação de medidas de contenção de gastos devem continuar a afetar a política monetária no futuro.

Para 2025, as perspectivas são de que o país enfrente um quadro de instabilidade fiscal, com desafios para a implementação do pacote de medidas do governo, que inclui o corte de despesas e a busca por um equilíbrio fiscal. A expectativa é que as medidas de contenção de gastos sejam eficazes no médio e longo prazo, mas a incerteza sobre o processo de negociação no Congresso e a continuidade das tensões políticas podem dificultar sua execução. A redução do déficit fiscal, projetada para zerar as contas públicas, será um dos maiores desafios para o novo ano.

A alta do dólar e os ajustes fiscais necessários geram um ambiente de incertezas para 2025. Chaia e Braga concordam que a relação entre o Executivo e o Legislativo será determinante para a estabilidade econômica do país. A inflação, que já ultrapassou as metas para 2024, poderá continuar a ser um problema nos próximos anos, com impactos sobre a renda da população e a competitividade da economia brasileira.

*Com informações da Sputnik News.


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