Cine Kurumin amplia programação e leva oficinas e mostra de cinema a três comunidades indígenas da Bahia

Após o sucesso da 9ª edição em Salvador, o Cine Kurumin segue sua programação e chega a três territórios indígenas da Bahia: Payayá, Pataxó e Tupinambá. As atividades incluem mostras de cinema, como a de filmes Yanomami, e oficinas de produção audiovisual. O evento busca fortalecer a presença da cultura indígena e criar diálogos interculturais através da exibição e discussão de produções cinematográficas.
Momento da oficina de produção audiovisual no Cine Kurumin, realizada em um dos territórios indígenas baianos, com participação de lideranças e realizadores indígenas.

O Cine Kurumin – Festival Internacional de Cinema Indígena, que teve sua 9ª edição realizada com sucesso em Salvador, segue com sua programação itinerante nos territórios indígenas da Bahia. O evento ocorre de 12 a 21 de dezembro de 2024, beneficiando as comunidades Payayá (Chapada Diamantina), Pataxó (Costa do Descobrimento) e Tupinambá (Litoral Sul da Bahia). A programação, que inclui mostras de cinema e oficinas, visa ampliar o acesso ao audiovisual indígena e fortalecer as iniciativas culturais dentro das comunidades.

Entre as atividades realizadas, destaca-se a exibição da Mostra Competitiva, que reúne filmes selecionados, além de Mostras Especiais. Uma das Mostras Especiais é a exibição de filmes de realizadores Yanomami, intitulada “Minérios são lascas de céu”, que será apresentada na Chapada Diamantina, região histórica de impactos da mineração. A proposta busca aprofundar o debate sobre os efeitos dessa atividade na vida das populações indígenas, especialmente nas terras Yanomami.

De acordo com o cacique Juvenal Payayá, representante da comunidade Payayá, o evento tem grande importância cultural para a região. “O audiovisual é uma arte que impulsionou nossas atividades, e o Cine Kurumin vem para complementar as nossas conquistas”, afirmou. Além das exibições cinematográficas, uma das oficinas promovidas é a de produção audiovisual de animação, intitulada “Minha Aldeia Animada”, que ocorre de 15 a 17 de dezembro na Escola Indígena de Aldeia Velha, promovendo a formação de novos realizadores.

A edição deste ano do festival traz também a volta do Assojaba na Abertura do Cine Kurumin, no Território Tupinambá de Olivença, com o debate “Retomando narrativas: a volta do Manto Tupinambá”. O evento busca recuperar e fortalecer as narrativas indígenas por meio da participação de lideranças locais e do incentivo à criação cinematográfica indígena.

O Cine Kurumin se consolidou como uma plataforma relevante para a exibição de produções audiovisuais indígenas, destacando a diversidade e a potência cultural dessas imagens. O evento, que ocorre anualmente desde 2011, tem como objetivo respeitar a autonomia dos povos indígenas e promover um diálogo intercultural, além de garantir o respeito aos direitos autorais coletivos e à propriedade intelectual indígena. Neste sentido, a diretora e curadora Thais Brito ressalta que o festival promove um espaço de reflexão sobre questões contemporâneas dos povos originários, como a luta pela demarcação de territórios e a preservação ambiental.

Além disso, a temática e a concepção desta edição refletem as preocupações dos povos indígenas em relação aos processos invasivos provocados pela exploração de recursos naturais. A cosmologia Yanomami, apresentada pelo xamã Davi Kopenawa, se destaca ao explicar como os minérios são percebidos como elementos sagrados, ligados ao céu e aos astros. O festival também proporciona uma reflexão sobre as consequências ambientais dessas atividades sobre os povos originários.

O Cine Kurumin conta com o patrocínio do Banco do Nordeste e é realizado com o apoio do Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet. O festival continua a ser uma das principais vitrine para a produção cinematográfica indígena no Brasil.


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