Na peregrinação espiritual que fizemos à Índia, Juarez Bomfim – este que vos escreve – e sua amada consorte, Cecilia Maringoni, visitamos a Cidade Sagrada de Rishikesh, às margens do Rio Ganges e aos pés da Cordilheira dos Himalaias.
Muitos rishis (sábios), sadhus (renunciantes), santos e yogues transitaram por esta adorável e mística cidade, a caminho das cavernas do Himalaia, onde iriam residir e meditar; realizar austeridades e práticas espirituais em busca de sua autorrealização.
Tivemos a felicidade de visitar 2 dessas cavernas, vizinha uma da outra: as cavernas do sábio Vashishta e de sua esposa, Arundhati. As cavernas ficam a aproximadamente 25 quilômetros de Rishikesh, no lado direito da Rishikesh Badrinath Highway, e se desce uma escadaria de 150 metros até chegar ao recinto sagrado.
Acredita-se que na caverna de Arundhati, há 2.000 anos, o jovem Jesus de Nazaré residiu, no tempo em que viveu na Índia.


Jesus viveu na Índia
Menção nenhuma se faz a Jesus, no Novo Testamento, entre seus 12 e 30 anos. Esses são os anos ocultos de Jesus. Na Índia, há uma crença de que o jovem nazareno para lá peregrinou, seguindo a rota da seda, passando por diversos países, como Pérsia, Rússia, Tibet e finalmente, a Índia.
Mestres espirituais e pesquisadores discorreram sobre o assunto, e aqui faremos um breve panorama dessa tradição oral indiana, que alguns consideram evidenciada por registros e documentos antigos.
O que diz Paramahansa Yogananda
Mestre Yogananda considera que o paralelismo entre os ensinamentos de Cristo e as doutrinas da Yoga-Vedanta confere um sólido fundamento aos registros que existem na Índia que afirmam ter Jesus vivido e estudado ali durante 15 anos do período desconhecido de sua vida.
Jesus viajou à Índia para retribuir a visita dos 3 Reis do Oriente que tinham vindo prestar homenagem por ocasião do seu nascimento.
“Eis que uns sábios do Oriente vieram a Jerusalém, dizendo: onde nasceu o rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”(Mateus 2:1-2).
Eles foram guiados ao Menino Jesus pela divina luz de uma estrela – não apenas um astro físico, resultado da análise da ciência astronômica, mas também a estrela do olho espiritual onisciente.
Yogananda: “o olho espiritual é um telescópio metafísico com o qual se pode ver o infinito, simultaneamente em todas as direções, e contemplar, com visão esférica e onipresente, tudo o que ocorre em qualquer ponto da criação”, pois Jesus nos ensinou: “a luz do corpo é o olho; se, portanto, teu olho for único, todo o teu corpo será luminoso”.
Conduzidos ao estábulo de Belém pela estrela-guia do olho espiritual, os Reis Magos reconheceram e prestaram homenagem ao Menino Jesus pela grande alma e encarnação divina que era.
A estrela ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar que estava o menino. Entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, “prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, lhe ofertaram dádivas: ouro, incenso e mirra”.
Epifania do Senhor, manifestação do Deus vivo. Os reis trazendo oferendas, simbolizam o mundo reconhecendo que Deus se fez menino, se fez homem, e veio conosco habitar a Terra. O Deus, que cria o universo, vem habitar na fragilidade de uma criança, vem conhecer e viver nossas angústias e medos.
Segundo a tradição, um era negro (africano), o outro branco (europeu) e o terceiro moreno (assírio ou persa) e representavam toda a humanidade conhecida daquela época. Todavia, o versículo bíblico não confirma essa tese, pois afirma peremptoriamente que os rishis (sábios) vieram do Oriente, isto é, da Índia.
Os 3 Reis do Oriente tinham pleno conhecimento da trajetória do Menino Deus aqui no mundo Terra, pois o presentearam com ouro, incenso e mirra. O ouro é a oferta que se faz a um rei; incenso é oferenda digna de uma divindade; o presente de mirra testemunha que o Filho do Homem deveria morrer.
Jesus viveu na Índia, depoimento de Sai Baba a Hislop
No seu livro Conversaciones con Sai Baba, John Hislop afirma que o Mestre espiritual Sai Baba esclareceu: Jesus, desde os 16 anos e por 8 anos, viajou pela Índia, Tibet, Pérsia e Rússia. Em diferentes lugares o consideravam um mendigo ou renunciante (sadhu). Jesus era desprovido de qualquer bem material ou dinheiro. Seus pais eram muito pobres e desde muito jovem viveu só, como um peregrino ou ermitão.
Lembremos de Francisco de Assis, que decidiu seguir os passos do Mestre através da estrita imitação de Cristo. Desposou a irmã pobreza e se tornou o Poverello di Assisi (Pobrezinho de Assis). Na sua missão de caridade, foi permanentemente um maltrapilho, pois se vestia com andrajos.
Quando os seus inúmeros amigos, com recursos, perguntavam:
– Pai Francisco, posso lhe presentear com um novo hábito (vestuário)?
– Sim, aceito.
Logo após vestir o novo hábito de monge, ao cruzar com um mendigo na rua, Francisco pedia para trocar de vestimenta com aquele necessitado.
Jesus, na sua missão espiritual, não é representado em pobreza extrema, na arte sacra cristã, como Francisco de Assis o foi. Isto porque, na tradição judaica, um rabi (mestre) era considerado um conviva nas comunidades que visitava, e recebia abrigo e alimentação das famílias de recursos.
Porém, em algumas passagens do Evangelho o Mestre revela a sua condição: “as raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mateus 8:20).
Podemos imaginar aquele jovem yogue, vivendo despojadamente na caverna simples, praticando suas austeridades, banhando-se nas sagradas águas de Ganga Ma (Rio Ganges) e reverenciando o Deus Shiva, com as mãos unidas em oração:
– Om nama Shivaya!
“Eu e o Pai somos um” (João 10:30).

Vashishta Guha e Arundhati Guha, morada de yogues
Estas cavernas, Vashishta Guha e Arundhati Guha, nas quais em tempos imemoriais o casal santo vivia e meditava, tem sido o lar de yogues durante séculos, mais recentemente de Swami Purushottamananda.
Anteriormente, tanto Swami Rama Tirtha quanto Swami (Papa) Ramdas viveram lá, em épocas diferentes, e tiveram visões de Jesus meditando ali, embora não tivessem conhecimento de que Ele havia vivido naquela caverna.
Nos dias atuais, muitos peregrinos que visitam a caverna sagrada, afirmam sentir vibrações balsâmicas que emanam do recinto, que associam à energia crística naquele lugar.


Jesus também viveu em Varanasi, Índia
A tradição da ‘Caverna de Jesus’ é apenas uma pequena parte da crença da estada de Jesus na Índia.
Acredita-se que os mestres yogues iniciaram Jesus na yoga e na vida espiritual mais elevada, dando a Ele o nome espiritual de ‘Isha’, que significa Senhor ou Mestre. Esta é uma designação associada a Deus. E também um título do Senhor Shiva.
Os mestres espirituais instruíram Jesus na forma que seus ensinamentos deveriam ser transmitidos e nas práticas yogues a serem ministradas a seus discípulos.
“Os discípulos aproximaram‑se dele e perguntaram:
― Por que falas ao povo por parábolas?
Jesus respondeu:
― A vocês foi dado o conhecimento dos mistérios do reino dos céus, mas não a eles (…) porque vendo, eles não vêem; ouvindo, não ouvem nem entendem” (Mateus 13:10-17).
Para complementar os ensinamentos que havia recebido no Himalaia, Jesus foi enviado para viver em Varanasi – a cidade sagrada de Shiva e coração espiritual da India.
Durante seu tempo no Himalaia, os esforços de Jesus foram centrados quase exclusivamente na prática de yoga. Já em Varanasi, principal centro de aprendizado védico, Jesus se envolveu em estudo intenso dos textos espirituais do Sanatana Dharma (Eterna Retidão), especialmente os Upanishads e o Bhagavad Gita, cujos ensinamentos Ele transmitiu mais tarde em suas preleções na Palestina.
Jesus em Puri, cidade do litoral do Oceano Índico
Na década de 1950, o antigo líder do templo Govardhan Math e da Ordem Monástica dos Swamis, Jagadguru Bharat Krishna Tirtha, afirmou ter descoberto “evidências históricas incontestáveis” de que Jesus viveu em Puri.
Argumenta-se que quando Jesus chegou ao ponto em que os mestres de Varanasi estavam satisfeitos com seu nível de conhecimento filosófico e espiritual, Ele foi enviado para a cidade sagrada de Jagannath Puri, que naquela época era um grande centro de adoração a Shiva, perdendo apenas para Varanasi.
Em Puri, Jesus viveu algum tempo no Govardhan Math, importante centro da Ordem Monástica dos Swamis, organizada por Adi Shankaracharya. Lá, Jesus aperfeiçoou a síntese de yoga, filosofia e renúncia, e começou a ensinar publicamente o Sanatana Dharma – o Dharma Eterno.
É auspicioso pensar que, nas horas chaves do dia, Jesus realizava as suas práticas espirituais banhando-se nas águas mornas das praias de Puri. Om nama Shivaya!
Retorno de Jesus à Palestina
Há também registros (indícios) de que Jesus viveu em monastérios budistas, no Tibet, antes de retornar à Palestina e iniciar a sua missão de Salvador da Humanidade.
Jesus, a Estrela do Oriente
Vejam, a Estrela do Oriente, como ela brilha! Agora, todos os filhos do Oriente (na Índia), que moram nas montanhas de luz (o Himalaia), estão se curvando a esta luz, que brilha como o Sol ao nascer. Eles a estão adorando.
Namastê
Amém.
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