OIT alerta para a desaceleração da recuperação do mercado de trabalho global

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou nesta quinta-feira (16/01/2025) o relatório “Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo: Tendências 2025”. O documento evidencia que a desaceleração econômica global está dificultando a recuperação total dos mercados de trabalho, afetados por tensões geopolíticas, custos crescentes das mudanças climáticas e problemas de dívida não resolvidos.

De acordo com o estudo, em 2024 o déficit mundial de empregos alcançou 402 milhões de pessoas, das quais 186 milhões estavam desempregadas, 137 milhões eram trabalhadores desencorajados e 79 milhões tinham impedimentos para trabalhar, como responsabilidades familiares. A taxa de desemprego global manteve-se estável em 5%, enquanto o desemprego juvenil apresentou uma redução, fixando-se em 12,6%.

O relatório também destaca a redução das taxas de participação na força de trabalho em países de baixa renda, especialmente entre jovens. No entanto, países de alta renda registraram aumento na participação de mulheres e trabalhadores mais velhos. Apesar desses avanços, as disparidades de gênero continuam significativas, limitando o progresso social e econômico em escala global.

As taxas de jovens em situação de não trabalhar, não estudar e não estar em treinamento apresentaram aumento em países de baixa renda. Em 2024, 15,8 milhões de homens jovens e 28,2 milhões de mulheres jovens estavam fora dessas atividades, o que representa crescimento em relação ao ano anterior. Globalmente, 259,1 milhões de jovens encontravam-se nessa condição, com impacto direto no potencial de desenvolvimento econômico.

Apesar dos desafios, o relatório identifica oportunidades em setores emergentes. Os empregos no setor de energias renováveis cresceram para 16,2 milhões, impulsionados por investimentos em energia solar e hidrogênio. Contudo, a distribuição desses empregos é desigual, com quase metade concentrada no Leste Asiático. As tecnologias digitais também apresentam potencial, mas países de baixa renda carecem de infraestrutura e qualificação profissional para aproveitar plenamente os avanços.

O diretor-geral da OIT, Gilbert F. Houngbo, destacou a importância de enfrentar os desafios do mercado de trabalho por meio de soluções inovadoras. Entre as recomendações do relatório estão: investimentos em treinamento, educação e infraestrutura para ampliar a produtividade; fortalecimento da proteção social para reduzir desigualdades; e utilização eficiente de fundos privados em países de baixa renda, como remessas e fundos da diáspora.