EUA enfrentam crescente pressão do México sobre tráfico de armas para cartéis

Em 19 de fevereiro de 2025, o Departamento de Estado dos Estados Unidos designou os cartéis de Sinaloa e Jalisco Nova Geração como “organizações terroristas estrangeiras”. A medida fortalece a posição do México em ações jurídicas contra fabricantes e distribuidores de armas nos EUA, responsáveis por alimentar o tráfico de armamentos para o país vizinho. Especialistas alertam para o impacto do comércio livre de armas no fortalecimento do crime organizado mexicano.
O México intensifica ações jurídicas contra fabricantes de armas dos EUA devido ao tráfico que alimenta cartéis criminosos.

Em uma atualização de quarta-feira (19/02/2025), o Departamento de Estado dos Estados Unidos classificou oficialmente os cartéis de Sinaloa e Jalisco Nova Geração como organizações terroristas estrangeiras. Esta designação representa uma resposta do governo americano à crescente preocupação sobre o impacto das atividades desses grupos no território nacional e internacional. De acordo com o comunicado, essas organizações “representam um risco para a segurança nacional, a política externa e os interesses econômicos dos Estados Unidos”.

A medida também abre portas para que o México amplie suas ações jurídicas contra os fabricantes e vendedores de armas nos EUA, que têm sido responsáveis por grande parte do armamento que chega ao país e alimenta os cartéis mexicanos. Em 14 de fevereiro de 2025, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, questionou publicamente se as empresas de armas poderiam ser consideradas cúmplices, dada sua relação direta com o crime organizado no país.

Um estudo conduzido pela universidade George Washington revelou que, apenas em quatro estados fronteiriços com o México — Arizona, Califórnia, Texas e Novo México — existem mais de 9 mil lojas de armas. Grande parte desse armamento possui alto poder de fogo, o que facilita a ação de organizações criminosas no México. Dados do Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF) mostram que 74% das armas recuperadas no México têm origem em estados como Texas, Arizona e Califórnia.

Especialistas, como o analista José Alberto Guerrero Baena, enfatizam que o comércio de armas nos EUA, sem controles rigorosos, cria um mercado acessível para o crime organizado mexicano. Segundo Montserrat Martínez Téllez, especialista do Forum On The Arms Trade, as regulamentações frouxas nos EUA são um dos principais fatores que possibilitam o fluxo de armas para o México. A falta de rastreamento adequado e a facilidade de acesso a armamentos em estados como o Arizona contribuem para o agravamento da violência no país vizinho.

A questão do tráfico de armas foi discutida em um relatório da ONG Stop US Arms To Mexico, que aponta que, desde o fim da proibição federal de armas de assalto nos EUA, a violência armada no México tem aumentado. De acordo com o estudo, entre 2010 e 2012, cerca de 253 mil armas de fogo eram traficadas anualmente dos EUA para o México. Em 2022, a produção de armas nos EUA duplicou, o que sugere que o volume de armamento traficado também aumentou.

Além disso, a ação judicial do México contra as lojas de armas dos EUA, iniciada durante o governo de Andrés Manuel López Obrador, visa frear o tráfico de armas ilegais. Embora a primeira ação tenha sido rejeitada, a segunda está em andamento e, segundo especialistas, possui um caráter político, com o objetivo de pressionar os EUA a adotar medidas mais rigorosas. O analista Guerrero Baena ressalta que a resistência política nos EUA, especialmente entre os empresários do setor armamentista, tem dificultado o avanço de tais processos.

A mais recente ação judicial do México, que envolve empresas como Smith & Wesson e Interstate Arms, busca responsabilizar as fabricantes e distribuidoras de armas pelo tráfico de armamentos que alimentam o crime organizado mexicano. A Corte Suprema dos Estados Unidos aceitou recentemente os argumentos das empresas para rejeitar a ação, um movimento que pode prolongar o processo jurídico.

*Com informações da Sputnik News.


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