O governo brasileiro anunciou nesta quarta-feira (12/03/2025) que avaliará as opções de ação no comércio exterior em resposta à tarifa de 25% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as importações americanas de aço e alumínio. A medida entrou em vigor na mesma data e afetará substancialmente as exportações brasileiras desses produtos.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) está entre as alternativas avaliadas pelo governo brasileiro para contestar a decisão. A OMC é uma instituição multilateral responsável por regular o comércio internacional, gerir acordos comerciais e resolver disputas. Ambos os países, Brasil e Estados Unidos, são membros da organização, que abrange 98% do comércio mundial.
Impacto da tarifa sobre o comércio de aço e alumínio
A tarifa de Trump visa proteger a indústria siderúrgica americana, tornando os produtos importados mais caros e dando vantagens competitivas aos produtores internos. O Brasil é um dos principais afetados pela decisão, uma vez que é um grande exportador de metal para os Estados Unidos. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), os EUA são responsáveis por 54% das exportações de ferro e aço brasileiros.
O governo brasileiro, por meio de uma nota conjunta dos ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, expressou seu descontentamento com a imposição das tarifas. Em 2024, as exportações brasileiras de aço e alumínio para os EUA somaram US$ 3,2 bilhões.
O comunicado destaca ainda que o governo brasileiro apoia o sistema multilateral de comércio e considera injustificável e equivocada a adoção de medidas unilaterais que impactem o comércio.
Relação comercial entre Brasil e Estados Unidos
A nota também enfatiza o histórico de cooperação econômica entre Brasil e Estados Unidos. Segundo dados do governo americano, o país possui superávit comercial com o Brasil, que em 2024 foi de US$ 7 bilhões em bens. O Brasil é o terceiro maior importador de carvão siderúrgico dos EUA, com US$ 1,2 bilhão em compras, além de ser o maior exportador de aço semiacabado para os Estados Unidos, com US$ 2,2 bilhões, o que representa 60% das importações americanas desse produto.
A nota também afirma que o governo brasileiro buscará defender os interesses dos produtores nacionais em coordenação com o setor privado nas negociações com os Estados Unidos.
Haddad: foco nas negociações
Em relação à postura do governo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o objetivo é negociar e não retaliar as exportações dos Estados Unidos. Em declaração após reunião com representantes do setor, Haddad mencionou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva orientou cautela nas ações, lembrando que o Brasil já negociou com os EUA em condições mais desafiadoras.
O ministro informou que a Fazenda deve preparar uma nota técnica sobre as propostas das siderúrgicas brasileiras, a ser encaminhada ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, para orientar as negociações com o governo americano.
Esforços do setor privado
O Instituto Aço Brasil, que representa os produtores de aço, e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) têm defendido esforços de convencimento por meio de negociações entre os governos. As entidades buscam soluções que minimizem os impactos da tarifa americana sobre as exportações brasileiras.
Ministro Fernando Haddad defende negociação com os EUA sobre tarifas de aço e alumínio
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta quarta-feira (12/03) que a ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é negociar com os Estados Unidos em relação à tarifa de 25% sobre as exportações de aço e alumínio brasileiras. A medida entrou em vigor no mesmo dia e afeta diretamente a indústria nacional.
Após reunião com representantes do setor de aço brasileiro, Haddad afirmou que o presidente Lula orientou calma nas negociações e lembrou que o Brasil já negociou em situações mais difíceis no passado. O ministro destacou que a postura do governo é buscar uma solução por meio de diálogo, e não de retaliação.
Argumentos do setor de aço
Segundo Haddad, o setor apresentou argumentos consistentes para questionar a medida, defendendo que a taxação não será benéfica nem para os Estados Unidos, que possuem uma relação comercial equilibrada com o Brasil. O ministro não detalhou as propostas do setor, mas afirmou que as discussões servirão como base para as negociações que serão lideradas pelo Ministério do Desenvolvimento.
O governo brasileiro considera que a taxação é baseada em um diagnóstico equivocado. Segundo Haddad, o relatório do setor de aço será utilizado para reforçar os argumentos durante as tratativas com o governo dos EUA.
Impacto da tarifa sobre as exportações brasileiras
A tarifa de 25% sobre o aço e o alumínio entrou em vigor após a confirmação do governo dos Estados Unidos no dia anterior. A taxação afeta diretamente as exportações brasileiras, uma vez que os EUA são um dos principais compradores do aço brasileiro. De acordo com o Instituto Aço Brasil, em 2022, os Estados Unidos adquiriram 49% das exportações de aço brasileiras.
Em 2024, o Canadá foi o único país a superar o Brasil nas exportações de aço para os EUA. A taxação imposta pelo governo Trump é vista como uma forma de proteger a indústria siderúrgica americana, mas o governo brasileiro acredita que essa medida prejudica a relação comercial bilateral.
Preocupação com o aço chinês
Além das negociações sobre as exportações brasileiras, o setor de aço também expressou preocupações sobre as importações de aço chinês nos Estados Unidos. Haddad mencionou que, enquanto as exportações exigem negociações bilaterais, as importações exigem uma defesa unilateral, devido à proposta feita pelos EUA para restringir as importações de aço chinês.
Próximos passos nas negociações
O ministério da Fazenda planeja elaborar uma nota técnica com base nas propostas do setor de siderurgia brasileira, a qual será enviada ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. A nota servirá como orientação para as negociações com o governo dos Estados Unidos.
Impacto na economia
Especialistas apontam que, embora a taxação de 25% sobre o aço tenha um impacto relevante nas siderúrgicas brasileiras, o efeito sobre a economia nacional como um todo deve ser limitado. A medida é vista mais como uma preocupação para o setor de aço do que como um fator de instabilidade econômica para o país.
*Com informações da Agência Brasil.
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