Divisões entre países do sul e do norte da União Europeia em debate sobre rearmamento contra a Rússia

Pedro Sánchez, chefe do governo espanhol, afirmou que os desafios enfrentados pelo sul da Europa são distintos daqueles no flanco oriental.
Pedro Sánchez, chefe do governo espanhol, afirmou que os desafios enfrentados pelo sul da Europa são distintos daqueles no flanco oriental.

Em meio a uma série de reuniões sobre o “rearmamento” da União Europeia, divisões entre os países do norte e do sul da Europa se intensificam. A terceira reunião em seis semanas, realizada na quinta-feira (20/03/2025), em Bruxelas, teve como tema central a necessidade de reforçar a defesa europeia contra a ameaça russa. A proposta envolve investimentos militares que podem ultrapassar os centenas de bilhões de euros, gerando tensões internas no bloco, conforme reportado pelo jornal francês Le Figaro.

A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, expressou uma visão favorável ao alinhamento das nações próximas à Rússia com os chamados “Estados do front”, que, segundo ela, possuem experiências históricas com Moscou. Países como Estônia, Lituânia e Polônia compartilham dessa perspectiva, defendendo uma postura mais rígida diante da ameaça russa. Em contrapartida, países como Espanha e Itália têm demonstrado ceticismo quanto à necessidade de um esforço financeiro bilionário para fortalecer a defesa europeia.

Pedro Sánchez, chefe do governo espanhol, afirmou que os desafios enfrentados pelo sul da Europa são distintos daqueles no flanco oriental, sugerindo que os recursos destinados ao rearmamento também poderiam ser direcionados para questões como mudanças climáticas e inteligência artificial no continente. Já o governo italiano classificou como “louca” a ideia de rearmar a Europa fora do contexto da OTAN.

A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, apresentou uma proposta de rearmamento que pode alcançar até € 800 bilhões (R$ 4,93 trilhões). Esse pacote inclui uma linha de crédito de €150 bilhões, mas não defende a criação de uma dívida comum, o que continua sendo um ponto de discussão. A proposta também sugere a flexibilização das normas fiscais da UE por quatro anos, permitindo que os países gastem acima dos limites estabelecidos, o que poderia resultar em € 650 bilhões (R$ 4 trilhões) para o reforço militar.

Outro ponto de tensão foi o bloqueio da Hungria ao pacote de ajuda de € 5 bilhões (R$ 30 bilhões) destinado à Ucrânia. O governo húngaro, liderado por Viktor Orbán, vetou o apoio da UE, ameaçando também bloquear a adesão da Ucrânia à União Europeia, caso a sociedade húngara não fosse consultada. A Hungria é o único país da UE a se opor ao apoio financeiro à Ucrânia, impedindo a unanimidade necessária para aprovar um texto comum. Como resultado, os outros 26 países da União Europeia emitiram uma declaração separada, reiterando seu apoio à Ucrânia.

*Com informações da RFI.


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