Feira de Santana: Largo São Francisco mantém aspectos tradicionais em meio à modernização

Localizado próximo à Praça da Kalilândia, o Largo São Francisco preserva características históricas, apesar da crescente presença do comércio e serviços na região.
Localizado próximo à Praça da Kalilândia, o Largo São Francisco preserva características históricas, apesar da crescente presença do comércio e serviços na região.

O Largo São Francisco, em Feira de Santana, passa por um processo de transformação com o avanço do comércio e dos serviços, o que reduziu o número de imóveis residenciais. Apesar dessas mudanças, o local ainda mantém parte de sua tradição, sendo um ponto de encontro para moradores e trabalhadores. No passado, a área era predominantemente residencial e servia como espaço de convivência para a população.

O logradouro, com formato triangular, está situado entre as ruas Paulo VI, Edelvira de Oliveira e Quintino Bocaiuva. Durante o dia, principalmente no período da manhã e no final da tarde, ainda é possível ver pessoas ocupando os bancos do jardim e conversando, o que tem se tornado menos comum nos centros urbanos. A presença de um ponto de ônibus, barracas de alimentação e uma banca de jornais e revistas contribui para a manutenção do seu aspecto original.

O funcionário público aposentado Alberto Antunes Almeida Silva, morador do Largo São Francisco desde o final da década de 1950, relembra que a região não era pavimentada e servia como campo de futebol improvisado para os jovens da época. Segundo ele, as partidas ocorriam com bolas de meia e muitas vezes resultavam em ferimentos causados pelas condições do solo. Além disso, o largo possuía árvores frutíferas e ficava próximo à Fonte do Lili, local frequentado para banho por crianças e adolescentes.

Outro elemento marcante do local era uma bomba de querosene, situada onde hoje se encontra a Barraca Santos. O combustível era amplamente utilizado na época, especialmente em áreas rurais sem energia elétrica. Moradores e visitantes costumavam deixar seus recipientes vazios na bomba pela manhã e retornavam à tarde para buscá-los cheios. Esse movimento atraía a atenção das crianças e era um dos marcos da rotina do Largo São Francisco.

A pavimentação do logradouro ocorreu no início da década de 1970, no governo do então prefeito Newton Falcão, substituindo o solo de terra por paralelepípedos. Com o passar dos anos, o fluxo de veículos e pedestres aumentou, reduzindo a frequência das partidas de futebol. Posteriormente, a pavimentação asfáltica foi implementada, consolidando a urbanização do local.

Entre os antigos moradores do Largo São Francisco, destacam-se o dentista Isaac Barros Machado e a professora Anita Vitória de Cerqueira Machado, pais do jornalista e escritor Franklin Machado. Outro residente notável foi João Serafim de Lima, conhecido como “João do Ouro”, que teve atuação no comércio e na política. De acordo com Alberto Antunes, Luiz Gonzaga costumava se hospedar na casa de João do Ouro sempre que visitava Feira de Santana.

Atualmente, poucos moradores residem no local, que se tornou uma extensão do centro comercial da cidade. No entanto, para antigos moradores como Alberto Antunes, ainda é um espaço viável para habitação, embora a tendência seja a expansão das atividades comerciais e da área de saúde.


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