MPF denuncia 13 ex-executivos das Americanas por fraudes financeiras

Acusação aponta prejuízo de R$ 25 bilhões e manipulação contábil para inflar ações da empresa.
Acusação aponta prejuízo de R$ 25 bilhões e manipulação contábil para inflar ações da empresa.

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou, nesta segunda-feira (31/03/2025), 13 ex-executivos do Grupo Americanas por envolvimento em fraudes contábeis e desvios financeiros que somam cerca de R$ 25 bilhões. A denúncia foi apresentada à Justiça Federal do Rio de Janeiro e envolve a suposta formação de organização criminosa, além da manipulação de balanços financeiros da empresa.

Principais acusados

A denúncia do MPF aponta que a operação teria sido comandada pelo ex-CEO Miguel Gutierrez, que teria elaborado e coordenado um esquema para inflar artificialmente os lucros da companhia e manipular o valor das ações. Além dele, outros 12 ex-executivos foram denunciados:

  • Anna Saicali, ex-CEO da B2W

  • Timotheo Barros e Marcio Cruz, ex-vice-presidentes

  • Carlos Padilha, João Guerra, Murilo Corrêa, Maria Christina Nascimento, Fabien Picavet, Raoni Fabiano, Luiz Augusto Saraiva Henriques, Jean Pierre Lessa e Santos Ferreira, ex-diretores e executivos

De acordo com a denúncia, Gutierrez permaneceu na empresa por 30 anos e liderou o grupo por duas décadas. O MPF argumenta que, no período, ele utilizou sua posição hierárquica para controlar o esquema e garantir que os balanços fossem manipulados, impactando a valorização das ações do Grupo Americanas, Lojas Americanas e B2W na bolsa de valores.

Fraudes contábeis e impacto no mercado

A Polícia Federal (PF) identificou que o esquema funcionou entre fevereiro de 2016 e dezembro de 2022, quando Gutierrez deixou o comando da empresa. Durante esse período, operações de crédito foram lançadas como faturamento para ocultar inconsistências contábeis.

A investigação aponta que a fraude tinha como objetivo obter vantagens financeiras com a negociação de ações, resultando em prejuízos a credores e acionistas. O MPF destaca que, antes do escândalo ser revelado, Gutierrez viajou para a Espanha, onde foi preso e posteriormente solto sob medidas cautelares, incluindo a entrega do passaporte.

O caso veio à tona em 11 de janeiro de 2023, após a nova administração da empresa identificar “inconsistências contábeis”. Em seguida, Sergio Rial, que havia assumido a presidência, renunciou ao cargo após menos de dez dias na função. A revelação da fraude provocou uma desvalorização superior a R$ 70 bilhões nos ativos da Americanas, levando a empresa a solicitar recuperação judicial.

Documentos e delações premiadas

O MPF apresentou e-mails, mensagens e documentos internos que demonstram a discrepância entre a contabilidade real e os dados apresentados ao mercado. Em trocas de mensagens via WhatsApp, executivos discutiram estratégias para evitar que auditorias descobrissem as fraudes.

Além disso, três ex-executivos firmaram acordos de colaboração premiada, fornecendo detalhes sobre o esquema.

Recuperação judicial e impacto financeiro

Após a revelação do escândalo, a Americanas entrou com pedido de recuperação judicial, reconhecendo dívidas superiores a R$ 50 bilhões, distribuídas entre mais de 9 mil credores. Os bancos Bradesco, BTG Pactual, Itaú e Santander concentram cerca de 35% do valor total da dívida, enquanto débitos trabalhistas somam R$ 89 milhões.

Para evitar a falência, um plano de recuperação foi homologado em fevereiro de 2024. O documento prevê a injeção de R$ 12 bilhões pelos acionistas Jorge Paulo Lehman, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, além de um aporte adicional de R$ 12 bilhões pelos principais bancos credores.

*Com informações da Agência Brasil.


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