Papa Francisco blindou a cúria romana contra extremistas, apontam analistas

Analistas apontam que, apesar de resistência interna, o Papa Francisco manteve a fidelidade da Cúria romana, e há a possibilidade de o próximo pontífice ser filipino.
Analistas apontam que, apesar de resistência interna, o Papa Francisco manteve a fidelidade da Cúria romana, e há a possibilidade de o próximo pontífice ser filipino.

O Papa Francisco faleceu na madrugada desta segunda-feira (21/04/2025), aos 88 anos, deixando como legado um papado marcado por ações progressistas e desafios às tradições da Igreja Católica. Durante seus 12 anos de pontificado, o Papa foi o primeiro latino-americano e não europeu a ocupar o cargo, sendo reconhecido por seu posicionamento em relação a questões sociais e políticas internacionais.

Com uma atuação destacada em temas como imigração, mudanças climáticas e desigualdade social, Francisco também enfrentou críticas internas, principalmente de setores ultraconservadores da Igreja. Em uma entrevista à Sputnik Brasil, o professor Rodrigo Toniol, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), observou que o pontificado de Francisco foi importante para o cenário político internacional, embora, no âmbito interno, não tenha sido disruptivo. Toniol ressalta que, apesar da resistência a suas posições, Francisco conseguiu fidelizar a Cúria romana, estrutura central da Igreja, o que pode influenciar a escolha de seu sucessor. Segundo Toniol, 80% dos cardeais da Cúria romana foram nomeados pelo Papa Francisco, o que pode garantir a continuidade de seu estilo de liderança, possivelmente com a eleição de um pontífice filipino, dada a forte presença católica nas Filipinas.

O cientista político Bruno Lima Rocha afirmou que as divisões internas da Igreja Católica remontam a papados anteriores, como o de João XXIII, mas ressaltou que Francisco definiu uma postura inclusiva e voltada para os pobres, distantes da ostentação e dos privilégios do Vaticano. Rocha também destacou o legado de Francisco nas questões ambientais, com a encíclica “Laudato Si” e o Sínodo da Amazônia, além de sua firme posição em defesa dos imigrantes e contra as guerras.

Internacionalmente, a administracão de Donald Trump também se mostrou crítica à postura do Papa Francisco. Embora figuras ligadas ao governo dos EUA tenham se mostrado contrárias ao pontificado progressista, Trump nomeou um embaixador ultraconservador para a Santa Sé, o que gerou especulações sobre possíveis influências externas nas escolhas internas da Igreja. Contudo, Toniol considera que a Igreja Católica é uma instituição independente, que escolhe seus líderes com base em critérios internos e não em pressões externas.

Em termos de legado, Toniol identifica três aspectos principais: o fato de Francisco ser o primeiro papa latino-americano, a ênfase nas questões ambientais, com destaque para o Sínodo da Amazônia, e sua atuação como líder moral em um momento de ascensão da direita radical no Ocidente. Rocha, por sua vez, destaca a preocupação com a alteridade e a solidariedade, marcando um contraste com o enfraquecimento das relações internacionais promovidas por potências como os EUA.

*Com informações da Sputnik News.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.