Na terça-feira (23/04/2025), fiéis de diversas partes do mundo celebraram o dia de São Jorge, um dos santos mais venerados globalmente. Embora seja especialmente homenageado no Brasil, onde é feriado estadual no Rio de Janeiro, a devoção ao mártir cristão ultrapassa fronteiras e se manifesta em contextos religiosos, históricos e culturais variados, da Etiópia à Rússia, da Inglaterra à Palestina.
São Jorge, o mártir cristão de origem asiática
Nascido na Capadócia, região da atual Turquia, São Jorge foi um soldado romano que serviu sob o imperador Diocleciano. Por se recusar a renunciar ao cristianismo diante das imposições imperiais, foi torturado e executado, vindo a ser considerado mártir. Seu túmulo localiza-se em Lida, na Palestina histórica, hoje Lod, sob jurisdição de Israel.
O culto a São Jorge foi oficializado no ano 494 pelo Papa Gelásio I, tornando-se referência tanto para o catolicismo romano quanto para igrejas ortodoxas e anglicanas. Sua figura é frequentemente associada ao símbolo do combate ao mal, representado pela imagem do santo montado a cavalo enfrentando um dragão.
Devoção no Brasil e em Portugal
No Brasil, a devoção a São Jorge foi introduzida pelos portugueses durante o período colonial. A primeira igreja dedicada ao santo foi construída em Ilhéus (BA), em 1556. No Rio de Janeiro, a data de 23 de abril é feriado estadual e a cidade abriga ao menos 15 capelas ou paróquias dedicadas ao santo.
Em Portugal, São Jorge é tradicionalmente considerado padroeiro e as celebrações são comuns em cidades como Évora. O culto português influenciou diretamente a prática brasileira, que se adaptou ao sincretismo religioso local. No Brasil, especialmente na Bahia, São Jorge é associado ao orixá Ogum, das religiões de matriz africana. Esse sincretismo também ocorre em países do Caribe, como Cuba e Haiti.
Celebrações no Oriente Médio e Norte da África
Na Palestina e em outras partes do Oriente Médio, São Jorge é lembrado por cristãos ortodoxos e também por muçulmanos. Na tradição islâmica local, o santo é associado à figura mística de Al-Khidr, reverenciado como guia espiritual. A Igreja Ortodoxa Copta no Egito e outras denominações orientais celebram o santo em 6 de maio, de acordo com o calendário juliano.
A devoção a São Jorge é marcante na Etiópia e na Eritreia, onde a Igreja Ortodoxa Etíope mantém viva a tradição. A Igreja de São Jorge de Lalibela, esculpida em rocha, é símbolo dessa veneração e considerada patrimônio da humanidade.
Europa Oriental, Rússia e Balcãs
Na Rússia, São Jorge é considerado padroeiro de Moscou, cuja insígnia carrega a imagem do santo enfrentando o dragão. A Cruz de São Jorge é uma das principais condecorações militares do país. Entre os povos eslavos e dos Balcãs, como Sérvia, Bulgária e Moldávia, o santo é reconhecido como protetor nacional. As celebrações ocorrem também em 6 de maio, segundo o calendário juliano.
Na Geórgia, que leva o nome do santo em sua designação internacional (“Georgia”, em inglês), existem duas datas festivas dedicadas a ele: 6 de maio e 23 de novembro. Já na Armênia, as homenagens ocorrem em setembro, junto à Festa da Santa Cruz de Varak.
Culto inglês e tradições catalãs
Na Inglaterra, São Jorge é figura central da identidade nacional. Sua cruz compõe a bandeira do país e seu culto remonta ao século VII. A tradição perdeu força após a Reforma Anglicana, mas há movimentos contemporâneos que buscam resgatar sua simbologia.
Na Catalunha, região autônoma da Espanha, o santo é celebrado de maneira distinta. Em 23 de abril, ocorre o “Dia do Livro e da Rosa”, quando homens oferecem rosas às mulheres e recebem livros em troca. Essa tradição se baseia na versão catalã da lenda, em que do sangue do dragão derrotado nasce uma flor, entregue por Sant Jordi à princesa.
*Com informações da Sputnik News.
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