Feira de Santana: A ausência de sebos e seus impactos na leitura local

Feira de Santana, embora seja uma cidade limpa e bem organizada, enfrenta a ausência de sebos, estabelecimentos tradicionais que oferecem livros usados a preços acessíveis. Essa carência é sentida por leitores que buscam obras raras e antigas, encontradas com facilidade em outras metrópoles. A cidade, com cerca de 700 mil habitantes, carece desses pontos de comércio literário, que favorecem a cultura e o acesso à leitura por valores reduzidos.
A falta de sebos em Feira de Santana reflete um cenário de escassez de locais que comercializam livros usados e raros, um hábito que ainda persiste em outras grandes cidades brasileiras.

Feira de Santana, a segunda maior cidade da Bahia, é conhecida por suas ruas limpas e bem cuidadas, mas quando se trata de comércio de livros usados, a cidade apresenta um vazio notável. A ausência de sebos, estabelecimentos que vendem livros e revistas de segunda mão, é uma lacuna no cenário cultural da cidade. Embora a cidade se orgulhe de sua organização e limpeza, a falta desse tipo de comércio é sentida principalmente pelos leitores que buscam não apenas livros acessíveis, mas também raridades que podem ser encontradas em outros grandes centros urbanos.

Na Bahia, o comércio de livros usados enfrenta um declínio geral, e a internet tem se tornado cada vez mais o principal meio de acesso à leitura. A escassez de locais de venda de jornais e revistas também tem sido evidente nos últimos anos, especialmente após o advento dos dispositivos móveis e das redes sociais. Em Salvador, por exemplo, três grandes sebos que existiam há algum tempo passaram a registrar um número cada vez menor de visitantes, reflexo do arrefecimento da procura por livros e revistas.

Contudo, em Feira de Santana, ainda existem algumas alternativas que atendem parcialmente a essa demanda, embora em escala menor. Valter Alves dos Santos, que iniciou seu trabalho na década de 1960 com seu tio, Avelino Santos, em uma banca de revistas na Avenida Getúlio Vargas, tornou-se especializado no comércio de livros usados a partir de 1990. Seu ponto de venda, a banca Senhor dos Passos, localizada na esquina da Rua Conselheiro Franco, atrai um público fiel. A loja oferece uma variedade de títulos, como romances, livros de autoajuda, livros de Direito e obras de autores renomados como Agatha Christie, Khaled Hosseini e Eleanor Porter. Além dos preços acessíveis, que chegam a ser metade do valor original, a banca oferece o sistema de troca, onde clientes podem trocar dois livros usados por um novo.

Outro ponto de venda de livros usados em Feira de Santana é a banca de Ciso, mantida por Manuel Narciso Marinho Natividade, também na Rua Conselheiro Franco. Ciso, que trabalha com livros e revistas desde 1975, continua a vender obras de diversos gêneros, como romances policiais, livros de autoajuda e até edições antigas de histórias do velho oeste. Ciso, assim como Valter, aposta na manutenção do comércio de livros usados, mas tem buscado ampliar sua oferta com a venda de artesanato e bolas de couro, visando incrementar as vendas.

A falta de sebos em Feira de Santana reflete uma realidade em que o acesso à leitura de livros usados e antigos é limitado. Este cenário não apenas compromete a oferta de livros a preços mais acessíveis, mas também impede o fortalecimento da cultura literária local. Apesar disso, os poucos estabelecimentos que ainda atuam nesse ramo buscam adaptar-se às mudanças do mercado, oferecendo alternativas criativas para manter seu público.


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