Natural do município sergipano de Carira, Iran Lima estabeleceu residência em Feira de Santana há seis décadas. Ainda menor de idade, mudou-se inicialmente para Aracaju, onde começou a trabalhar como cobrador de ônibus urbano. Na capital sergipana, aproximou-se do meio radiofônico ao levar correspondências de passageiros para a Rádio Liberdade, estabelecendo contato com a cantora Cremilda, apresentadora de um programa matinal. A convivência com os profissionais da rádio despertou seu interesse pelo setor.
Em 1966, aos 20 anos, transferiu-se para Feira de Santana, atraído pelo crescimento econômico da cidade. Iniciou suas atividades na empresa Terrabrás, mas logo migrou para o serviço de táxi, segmento que oferecia retorno financeiro relevante à época. Adquiriu seu primeiro veículo, conhecido como “cara de jegue”, e posteriormente passou a operar um Fusca adaptado com equipamento sonoro, o que deu origem ao seu primeiro táxi-som. Com o tempo, investiu em uma Veraneio verde e, em 1974, passou a atuar com um mini trio.
Seguindo o que já fazia em Aracaju, aproximou-se do ambiente radiofônico feirense, frequentando a Rádio Sociedade de Feira. Foi acolhido pelo comunicador Antônio Raimundo, que o introduziu às atividades como operador de áudio. Com a ausência do titular por férias, Iran assumiu temporariamente o horário do programa e, posteriormente, foi convidado pelo então diretor da emissora, frei Agatângelo de Crato (Frei Ambrósio Bezerra Lobo), a comandar um programa voltado à música sertaneja. Assim nasceu o programa “No Terreiro da Fazenda”, que se manteve por anos com boa audiência.
Com passagens por quase vinte emissoras nos estados da Bahia e Sergipe — incluindo Sociedade, Cultura, Liberdade, Subaé, Mix Bahia, Carioca, Regional, Difusora de Serrinha, Princesa do Agreste, São Gonçalo e Vox de Muritiba — Iran Lima construiu uma trajetória ampla na radiofonia. Além disso, sua atuação com carros de som se expandiu com a aquisição de equipamentos de grande porte, como uma carreta com camarotes, banheiros e televisores, utilizada em coberturas de eventos como carnavais e micaretas.
Ao longo de sua trajetória, Iran participou da cobertura de festas em estados como Pernambuco, Alagoas, Sergipe e São Paulo. Segundo ele, apenas nos dois anos de suspensão das festas durante a pandemia da covid-19 deixou de realizar transmissões. Sua atuação inclui ainda o apoio ao futebol amador local. Foi presidente do Dois de Julho, equipe do bairro do Tomba, e do tradicional Botafogo de Manoel de Emília, além de ter fundado o Bahia de Iran.
Ao relembrar os primeiros concorrentes no setor de carros de som, Iran cita nomes como Joel Magno, Edval Sousa e Leegosa, que deixaram a atividade ou faleceram, além de contemporâneos como Davi Mascarenhas e Fernando. Considera-se o mais antigo ainda em atividade. Para ele, o setor continua viável:
“O mercado continua bom e dá para se ganhar dinheiro tranquilamente, é só saber trabalhar com honestidade”, afirma. Já a experiência como empresário de artistas não foi positiva, segundo relata, devido aos prejuízos acumulados.
Casado há 54 anos e pai de quatro filhos, Iran reside desde que chegou à cidade no bairro do Tomba, onde se integrou à comunidade. Em razão da exposição política proporcionada pelos serviços prestados, chegou a se candidatar a vereador no município de São Gonçalo dos Campos, não sendo eleito por um voto. Atualmente, não manifesta interesse em nova candidatura.
“Minha vida está direcionada mesmo para o que faço, graças a Deus”, resume.
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