Obra de Taurino Araújo homenageia a trajetória da semióloga Lícia Soares de Souza com coletânea crítica e etnográfica

Na sexta-feira (23/04/2025), foi lançada na sede da Academia de Letras da Bahia (ALB), em Salvador, a coletânea “Signos em Transe: uma fortuna crítica sobre a semiótica de Lícia Soares de Souza” editada pela ZL Books. Organizada pelo jurista e crítico literário Taurino Araújo, a obra homenageia a trajetória da professora emérita e semióloga Lícia Soares de Souza, reunindo textos de 62 pesquisadores.

O projeto editorial, que contou com o apoio institucional do CNPq e da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), propõe uma leitura transdisciplinar da obra de Lícia Soares de Souza, estabelecendo conexões entre a semiótica e áreas como literatura, linguística, comunicação, ensino de línguas, francofonia, crítica cultural, arte e história.

Obra assume caráter etnográfico e coletivo

Mais do que uma homenagem pessoal, Signos em Transe é descrito por especialistas como o maior levantamento etnográfico e semiológico realizado na Bahia nas últimas cinco décadas. A coletânea articula elementos biográficos e etnográficos, destacando não apenas a trajetória da homenageada, mas também os impactos institucionais, culturais e epistemológicos de sua atuação acadêmica em universidades como Uneb, Ufba, Uefs, Uesb, e instituições internacionais como Université du Québec à Montréal (UQAM), Université Laval, Universidade de Kassel e Universidade de Saarlandes.

Participações de nomes relevantes no campo das ciências humanas

Entre os autores que contribuem com textos críticos estão pesquisadores consagrados como Winfried Nöth, Cyro de Mattos, Zila Bernd, Emiliano José, Bernard Andrès, Claire Varin, Jean-François Côté, Louise Duprè, Calmon Teixeira e Suênio Lucena. Os ensaios abordam desde fundamentos da semiótica até aplicações contemporâneas no campo da cultura de massas e das indústrias culturais.

Curadoria de Taurino Araújo é destacada como ato de reconstrução crítica

A atuação de Taurino Araújo ultrapassa o campo editorial, sendo reconhecida como um trabalho de reconstrução crítica de uma escola de pensamento. O autor, que já publicou Hermenêutica da desigualdade (2019), é doutor em Ciências Jurídicas e Sociais e reconhecido por desenvolver uma epistemologia brasileira voltada à justiça e à transformação social.

Relevância do legado de Lícia Soares de Souza

A professora Lícia Soares de Souza é uma referência na semiótica contemporânea, tendo desenvolvido uma produção intelectual voltada ao diálogo entre saberes e culturas, em especial no contexto da Bahia e da francofonia. Segundo a homenageada, a obra “engrandece não só minha trajetória, mas também os campos da filosofia, da ciência e das artes, que encontram nas universidades seu espaço mais potente de cultivo e resistência”.

O livro se afirma, assim, como uma ferramenta de aprendizagem crítica, voltada à formação de novas gerações de pesquisadores e à valorização da cultura científica brasileira, com forte ancoragem regional e internacional.