Comunidade mobiliza ações para recuperar Lagoa Busca Vida e restaurar ecossistema no litoral da Bahia

Moradores do Condomínio Busca Vida promovem manejo ambiental para conter a degradação da lagoa e revitalizar o ecossistema.
Moradores do Condomínio Busca Vida promovem manejo ambiental para conter a degradação da lagoa e revitalizar o ecossistema.

No domingo (01/06/2025), moradores do Condomínio Busca Vida (CBV), localizado no litoral norte da Bahia, intensificam esforços para a recuperação da Lagoa Busca Vida, um ecossistema considerado raro e sensível que vinha sofrendo com processos de eutrofização, caracterizado pelo excesso de nutrientes e matéria orgânica na água, o que favorece o crescimento descontrolado de algas, macrófitas e plantas aquáticas.

A mobilização da comunidade, envolvendo moradores, especialistas ambientais e a administração do condomínio, concentra-se na retirada de resíduos orgânicos e vegetação invasora. Segundo o síndico administrador do CBV, Marcelo Dourado, há evidências visuais da recuperação:

“Pela primeira vez em muito tempo, décadas até, é possível contemplar novamente o espelho d’água em algumas áreas — um sinal visível da transformação em curso.”

A Comissão Ambiental do condomínio, composta por moradores engajados, coordena o trabalho voluntário, busca apoio financeiro e realiza campanhas de conscientização ambiental. A líder da comissão, Petra Schaeber, afirma:

“É uma conquista coletiva. A lagoa é parte essencial do nosso cotidiano e da paisagem. Vê-la assim, respirando de novo, nos enche de esperança.”

Características ambientais e impacto da eutrofização

A Lagoa Busca Vida é um dos últimos ecossistemas de baixada litorânea preservados na região, desempenhando funções importantes como purificação da água, regulação hídrica e habitat para espécies locais.

O processo de eutrofização resultou no desequilíbrio da biodiversidade, com a proliferação excessiva de plantas aquáticas e acúmulo de matéria orgânica, agravando a degradação do ambiente.

Incêndio de fevereiro impulsiona retomada das ações

O ritmo da recuperação acelerou após um incêndio ocorrido em fevereiro de 2025, que atingiu a vegetação no entorno da lagoa e chegou próximo às residências. Marcelo Dourado explica o impacto do evento:

“O fogo chegou a menos de dez metros das casas. O pouco que restava da lâmina d’água serviu como barreira natural. Ali ficou claro o papel estratégico da lagoa para proteção ambiental.”

Desde 2019, a Comissão Ambiental conduzia estudos e debates públicos para o manejo da lagoa, mas foi após o incêndio que os trabalhos ganharam maior impulso, com a remoção de aproximadamente mil toneladas de resíduos e vegetação acumulada.

Intervenções e manejo contínuo

As ações incluem a revitalização da nascente conhecida como Fonte dos Padres e intervenções em áreas como a frente da Praça das Tartarugas e da Gleba 70/71 (Pôr do Sol).

“Estamos vencendo desafios técnicos, financeiros e logísticos por meio de um esforço coletivo. Para ampliar nossas ações, o condomínio busca apoio institucional visando o direcionamento de recursos oriundos de compensações ambientais”, afirma Marcelo Dourado.

Importância ecológica e perspectivas futuras

Localizada na Área de Proteção Ambiental (APA) Joanes-Ipitanga, a Lagoa Busca Vida é fundamental para a manutenção dos serviços ambientais locais.

A comunidade espera que o projeto de recuperação sirva como modelo para outras regiões que enfrentam degradação semelhante, mantendo diálogo com órgãos governamentais para garantir suporte técnico e financeiro.

“Revitalizar a lagoa é proteger a história, a biodiversidade e o futuro da nossa região. É um compromisso ambiental e comunitário que agora ganhou voz e ação”, conclui Dourado.


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