O Congresso Nacional realizou sessão solene no Plenário Ulysses Guimarães para homenagear a trajetória de Mãe Stella de Oxóssi, referência nacional nas religiões de matriz africana. A cerimônia, presidida pelo senador Jaques Wagner (PT-BA), nesta quinta-feira (12/06/2025), marcou o início das celebrações pelo centenário de nascimento da líder religiosa e intelectual, falecida em 2018.
Durante a solenidade, foi lançado um carimbo comemorativo em homenagem aos 100 anos de nascimento de Mãe Stella, nascida em 2 de maio de 1925. A iniciativa da homenagem foi formalizada por meio do requerimento n° 7/2025 – Mesa, assinado por Jaques Wagner e pelos deputados Bacelar (PV-BA) e Lídice da Mata (PSB-BA).
Mãe Stella de Oxóssi, nome religioso de Maria Stella de Azevedo Santos, foi a quinta ialorixá do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, um dos mais antigos e respeitados do Brasil. Iniciada no candomblé aos 14 anos, ela assumiu papel de destaque na preservação da cultura afro-brasileira e no combate à intolerância religiosa. Atuou também como enfermeira na rede pública de saúde e como educadora, fundando a Escola Eugênia Anna dos Santos, voltada à valorização da história afro-brasileira.
Durante os discursos, o senador Jaques Wagner destacou o papel da homenageada como liderança na promoção da igualdade racial e na defesa da dignidade das mulheres negras. O parlamentar afirmou que a atuação de Mãe Stella fortaleceu o reconhecimento da tradição do candomblé como parte essencial da formação cultural brasileira.
O deputado Bacelar destacou as contribuições de Mãe Stella em áreas diversas, como educação, cultura, saúde e assistência social. Ele ressaltou a fundação da comunidade Oba Biyi, além de sua produção intelectual, com livros, conferências e artigos voltados ao fortalecimento das religiões afro-brasileiras.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, classificou Mãe Stella como um símbolo da resistência cultural afro-brasileira, enfatizando que sua trajetória representa o compromisso com os direitos culturais e com a presença das tradições negras nos espaços de poder e decisão.
Outras autoridades presentes incluíram a ialorixá Mãe Ana de Xangô “Obá Gerê”, sucessora de Mãe Stella; o defensor público-geral federal Leonardo Magalhães; representantes do governo da Bahia e de órgãos federais ligados aos direitos humanos e à cultura, como o Ministério da Igualdade Racial e a Fundação Palmares.
A secretária de Assistência e Desenvolvimento Social da Bahia, Fabya Reis, e a secretária de Reparação de Salvador, Isaura Genoveva, também participaram da solenidade, reafirmando a importância da líder religiosa para as políticas públicas voltadas à inclusão social e combate ao racismo.
A deputada Lídice da Mata lembrou que Mãe Stella foi a primeira ialorixá a integrar a Academia de Letras da Bahia, sendo autora de nove livros publicados, além de diversos textos sobre religião e cultura afro-brasileiras. Ela enfatizou que, mesmo fora dos espaços acadêmicos, a ialorixá teve papel determinante na valorização das tradições africanas.
Mãe Stella recebeu diversas honrarias, como o Prêmio Camélia da Liberdade, a Medalha Zumbi dos Palmares e a Ordem do Mérito Cultural. Sua atuação ultrapassou os limites do terreiro, chegando ao setor público, à literatura e às ações de enfrentamento ao racismo e à intolerância religiosa.
O nome espiritual Odé Kayodê, que significa “o caçador que traz alegrias”, guiou sua missão de promover o conhecimento, a inclusão e a justiça social. Seu legado, segundo os parlamentares, é referência nacional na luta pela igualdade e pela valorização das raízes africanas no Brasil.
*Com informações da Agência Senado.
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