Deputadas estaduais de São Paulo recebem ameaças de morte e estupro por e-mail

Parlamentares da Assembleia Legislativa de São Paulo são alvos de ataques virtuais com ameaças explícitas.
Parlamentares da Assembleia Legislativa de São Paulo são alvos de ataques virtuais com ameaças explícitas.

Na manhã de sábado (31/05/2025), deputadas estaduais da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) receberam ameaças de morte e estupro por e-mail. As mensagens tinham conteúdo ofensivo, com termos violentos e citações nominais a várias parlamentares, sem distinção de posicionamento político.

O caso foi confirmado pela deputada Andréa Werner (PSB), que relatou que sua assessoria foi a primeira a identificar o conteúdo das ameaças enquanto ela estava em Brasília.

Minha assessora foi a primeira que viu e notou que todas as deputadas estavam copiadas e me comunicou. Em princípio, o meu chefe de gabinete não queria me deixar ler, mas eu insisti. É um conteúdo extremamente violento, com ameaças de morte e de estupro, muito detalhado, que realmente choca”, afirmou Werner.

A deputada também destacou que o episódio não teve recorte ideológico, atingindo parlamentares de diferentes espectros políticos.

O que ficou muito claro é que a misoginia e o ódio às mulheres no espaço de poder não fazem distinção política. Essa ameaça foi para todas. Eles têm ódio de mulheres ocupando espaços de decisão”, acrescentou.

A deputada Marina Helou (Rede) também comentou o ocorrido e cobrou providências da Alesp.

Esse foi um ataque inaceitável que ameaça todas as deputadas da Casa. As ameaças são extremamente violentas e literais. É uma situação que exige resposta institucional, investigação rigorosa e acolhimento, para que esse ataque à democracia e à participação das mulheres na política não fique sem resposta”, declarou.

Investigação em andamento

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que há um suspeito de 28 anos sob investigação, com apreensão de computador e celular utilizados para o envio das mensagens.

O caso foi registrado pela Assessoria da Polícia Civil junto à Alesp como ameaça, injúria racial e falsa identidade.

Manifestação institucional

Em nota, a deputada Ana Carolina Serra (Cidadania) manifestou repúdio às ameaças e informou que, por orientação jurídica, não fará mais declarações públicas até a conclusão das investigações.

Reafirmamos o compromisso com a legalidade, o respeito às instituições democráticas e a proteção da integridade de todas as mulheres no exercício de seus mandatos”, diz o comunicado da parlamentar.

O presidente da Alesp, André do Prado (PL), também se posicionou. Ele determinou que as polícias Civil e Militar fossem acionadas para investigar o caso.

Nenhuma agressão pode ser tolerada”, afirmou em nota oficial.

Violência política de gênero

Em manifestação conjunta, as deputadas afirmaram que o episódio representa uma tentativa de silenciar mulheres na política.

Trata-se de uma tentativa clara de silenciar mulheres em um ataque misógino, racista e capacitista. Embora nos cause choque, infelizmente, é mais uma expressão de ódio e violência contra mulheres que buscam ocupar espaços de poder no país”, escreveram.

O texto coletivo também aponta que é urgente a adoção de políticas públicas específicas para combater a violência política de gênero, além de medidas de proteção dentro dos espaços institucionais.

Mudanças nas regras da Alesp

A deputada Andréa Werner defendeu a revisão das normas internas da Alesp, que atualmente não permite restringir o acesso de pessoas ao prédio sem ordem judicial, mesmo em casos de perseguição.

Por mais que muitas vezes as pessoas achem que esse tipo de ameaça não precisa ser levado a sério, não dá para não ter medo. Precisamos mudar as regras internas da Alesp para proteger as parlamentares”, destacou.

Ela citou como exemplo mudanças históricas na política, como a criação do banheiro feminino no Senado em 2016, para reforçar que os espaços e regras precisam ser adaptados quando as mulheres ocupam cargos públicos.

Os homens não sofrem esse tipo de ameaça. Quem sofre são as mulheres. Por isso, é necessário readequar as regras pensando nessa realidade”, concluiu.

*Com informações da Agência Brasil.


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