O leilão promovido pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) resultou na venda de 34 blocos de exploração de petróleo localizados nas bacias do Parecis, Foz do Amazonas, Santos e Pelotas, totalizando uma área de 28.359,55 km². Ao todo, foram ofertadas 172 áreas, com destaque para a Bacia da Foz do Amazonas, que teve 19 blocos arrematados.
Nove empresas vencedoras, sendo duas nacionais e sete estrangeiras, investiram mais de R$ 989 milhões na aquisição desses blocos. A previsão de investimento mínimo para a fase de exploração é de R$ 1,45 bilhão. A Petrobras foi responsável pela aquisição de dez blocos na Bacia da Foz do Amazonas e mais três na Bacia de Pelotas, com um desembolso total de R$ 139 milhões.
A diretora-geral interina da ANP, Patricia Baran, destacou os resultados da chamada Margem Equatorial. Segundo ela, houve um ágio próximo a 3.000% em áreas dessa região, além de concorrência em 7 dos 19 blocos arrematados. Esta foi a primeira vez que áreas da Margem Equatorial foram ofertadas na modalidade de oferta permanente. Para a ANP, os resultados indicam confiança dos investidores no potencial exploratório brasileiro.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que a inclusão de áreas da Margem Equatorial, Parecis e Pelotas faz parte de uma estratégia para promover uma distribuição equilibrada da receita do setor de petróleo e gás no país. O ministro ressaltou a importância de acompanhar o crescimento econômico com inclusão social, compromisso ambiental e geração de empregos em todas as regiões brasileiras.
Protestos e manifestações durante o leilão
Em paralelo ao evento, lideranças indígenas do povo Tapayuna, de Mato Grosso, realizaram manifestação em frente ao Hotel Courtyard, no Rio de Janeiro, local da licitação. O jovem líder Yaiku Tapayuna classificou o leilão como um ataque aos povos tradicionais, destacando que o território onde ocorrem as explorações é considerado sagrado e rejeitado pela comunidade.
A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) divulgou nota de repúdio, especialmente em relação ao Bloco 59, situado na costa do Amapá, próximo a territórios quilombolas. A Conaq denunciou a ausência de diálogo entre autoridades e comunidades, classificando a situação como um exemplo de racismo ambiental e estrutural ao priorizar interesses econômicos sobre a proteção dos territórios tradicionais.
Além disso, pescadores e membros do Instituto Arayara promoveram um protesto na baía de Guanabara, exibindo faixa com a mensagem: “Parem o Leilão do Juízo Final”. O grupo argumenta que a exploração representa uma ameaça ao clima e às comunidades locais, reforçando a necessidade de suspensão dos leilões em um ano marcado pela realização da COP 30 no Brasil.
O especialista em conservação e líder de transição energética do WWF-Brasil, Ricardo Fujii, declarou que autoridades e petroleiras ignoram alertas científicos e riscos socioambientais. Ele ressaltou que a região da Margem Equatorial abriga ecossistemas sensíveis, como o grande sistema recifal amazônico e mais de 80% dos manguezais do país, que são essenciais para a pesca, segurança alimentar e o sustento de milhares de famílias. Segundo Fujii, a ampliação do portfólio petrolífero representa risco ao futuro climático do Brasil e do planeta.
*Com informações da Agência Brasil.
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