Mercado global de cocaína atinge recordes históricos em 2023, aponta relatório da ONU

Organismo internacional alerta para crescimento da produção, consumo e violência ligada ao tráfico em diferentes continentes.
Organismo internacional alerta para crescimento da produção, consumo e violência ligada ao tráfico em diferentes continentes.

O mercado global de cocaína atingiu os maiores índices de produção, consumo e apreensões em 2023, conforme aponta o relatório anual do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). Segundo o documento, o crescimento foi impulsionado pelo fortalecimento do crime organizado em meio a crises geopolíticas, sociais e econômicas.

O relatório classifica a cocaína como a droga ilícita que mais cresce em todo o mundo, com destaque para a expansão dos mercados consumidores para Ásia, África e Europa Ocidental, além da tradicional presença na América Latina. O aumento de quase 34% na produção, atribuído à ampliação das plantações ilegais de coca na Colômbia, está entre os principais indicadores da escalada do tráfico.

Entre 2019 e 2023, as apreensões globais de cocaína cresceram 68%. O número de usuários da droga passou de 17 milhões para 25 milhões em uma década. Apesar disso, a cannabis permanece como a droga mais lucrativa do mercado ilícito global, concentrando 39% da renda total, seguida pela cocaína (37%) e heroína (17%).

A pesquisadora-chefe da UNODC, Angela Me, afirmou que o aumento da procura pela droga por grupos com maior poder aquisitivo tem contribuído para o crescimento do mercado, criando um “círculo vicioso” entre demanda e oferta. A organização aponta ainda que a violência gerada pelo tráfico, antes restrita à América Latina, está se expandindo para a Europa Ocidental.

O tráfico de estimulantes do tipo anfetamina também registrou alta, com níveis recordes de apreensão, sendo responsáveis por quase metade de todas as drogas sintéticas confiscadas no período. Os opioides, como o fentanil, seguem na sequência.

O documento associa esse cenário à “nova era de instabilidade global”, que teria ampliado o poder das organizações criminosas e impulsionado o consumo a níveis sem precedentes.

Contexto do tráfico e instabilidade política

O relatório menciona o caso da droga sintética captagon, cuja produção foi impactada após a queda do regime de Bashar al-Assad na Síria, em dezembro de 2024. Considerado um narcoestado, o regime havia transformado o país no principal centro de produção do estimulante derivado de medicamentos.

Com a mudança de governo, autoridades sírias identificaram estoques da droga em instalações militares e fecharam fábricas conhecidas. No entanto, segundo a ONU, o fluxo de captagon não foi interrompido, com grandes remessas ainda sendo apreendidas, especialmente rumo à Península Arábica, o que indica possível liberação de estoques antigos ou continuidade da produção em outros locais.

Tendência global de aumento no uso de drogas

Em 2023, 6% da população mundial entre 15 e 64 anos utilizou algum tipo de droga ilícita, em comparação com 5,2% em 2013. A cannabis permanece como a substância mais consumida, mas a cocaína tem registrado os maiores crescimentos percentuais em produção e consumo.

Entre os destaques para as Américas, a UNODC aponta:

  • Expansão do mercado de cocaína por aumento na oferta e demanda.

  • Produção recorde em 2023, com 3.708 toneladas de cocaína.

  • 50% dos jovens em tratamento na América do Sul têm até 25 anos; na Ásia Meridional são 35% e na África, 31%.

  • 32% dos usuários em tratamento nas Américas são mulheres, ficando atrás apenas da Oceania (35%).

  • Redução de 24% nas mortes por overdose na América do Norte entre 2023 e 2024.

*Com informações da RFI.


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