Brasil e Índia reforçam aliança estratégica e ampliam cooperação no Sul Global

Encontro entre presidentes Lula e Modi em Brasília marca novo ciclo de integração entre os dois países no contexto geopolítico internacional.
Encontro entre presidentes Lula e Modi em Brasília marca novo ciclo de integração entre os dois países no contexto geopolítico internacional.

Em meio a transformações na ordem global, Brasil e Índia reforçam sua parceria estratégica por meio de acordos bilaterais e uma pauta conjunta voltada para a cooperação multissetorial. A visita oficial do primeiro-ministro Narendra Modi a Brasília, nesta terça-feira (08/07/2025), onde foi recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, consolida um movimento de aproximação entre duas democracias em desenvolvimento, com atuação relevante no Brics e em fóruns multilaterais.

Ambos os países compartilham traços históricos e desafios estruturais comuns, como o legado do colonialismo, desigualdades sociais e metas de desenvolvimento sustentável. A ampliação da parceria abrange temas como segurança alimentar, combate ao terrorismo, inovação tecnológica, cooperação agrícola e desenvolvimento farmacêutico, com ênfase no fortalecimento da cooperação Sul-Sul.

Segundo analistas, a aliança reforça o papel do Sul Global na tentativa de buscar alternativas à polarização geopolítica liderada por Estados Unidos e China. Para a professora Carolina Pedroso, da Unifesp, Brasil e Índia “representam uma perspectiva inovadora no sistema internacional, pois propõem soluções fora da lógica tradicional das grandes potências, com base em experiências próprias de desenvolvimento”.

Oportunidades e convergência estratégica

A aproximação entre os dois países também se dá pela complementaridade de interesses em setores-chave, como a produção de medicamentos, o desenvolvimento da agricultura familiar e o enfrentamento da pobreza e da fome. O professor Jorge Ramalho, da Universidade de Brasília (UnB), destaca que, mesmo com contextos regionais distintos, as duas nações podem aprofundar a cooperação com benefícios mútuos em escala global.

Para Ramalho, enquanto o Brasil apresenta um cenário geopolítico relativamente estável, a Índia lida com tensões regionais com China e Paquistão. No entanto, essa diferença não representa obstáculo, mas sim uma oportunidade de diálogo estratégico. “Ambos têm capacidade de influenciar a agenda internacional, especialmente no que diz respeito à reforma do multilateralismo e à promoção de uma governança global mais equitativa”, avalia.

Parcerias no comércio, ciência e cultura

As relações bilaterais ainda apresentam potencial de crescimento no comércio e nos investimentos. A Índia é atualmente a quinta maior economia do mundo, enquanto o Brasil ocupa a décima posição. Apesar de já atuarem juntos no Brics, o intercâmbio comercial direto ainda é limitado em comparação a outras relações estratégicas que cada país mantém.

No setor farmacêutico, a Índia desenvolveu sua capacidade industrial em parte com base nas políticas brasileiras da década de 1990, voltadas à quebra de patentes de medicamentos essenciais. Hoje, o Brasil busca retomar a produção nacional de vacinas, o que abre espaço para novos formatos de colaboração técnica.

Além da cooperação científica, os dois países também compartilham afinidades culturais que ajudam a fortalecer o relacionamento bilateral.

“Existe curiosidade mútua entre as populações. Essa conexão cultural facilita o entendimento e a abertura para projetos em comum”, destaca Ramalho.

*Com informações da RFI.


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