A crise habitacional em Portugal tem gerado obstáculos significativos para imigrantes brasileiros que buscam moradia no país. A alta dos preços dos aluguéis, a precariedade de contratos e a informalidade nas negociações expõem os desafios enfrentados por quem tenta se estabelecer legalmente em território português.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) aponta que 25% dos inquilinos portugueses gastam 40% ou mais da renda mensal com habitação, considerando aluguel, energia, água e gás. Entre 2017 e 2024, o preço médio dos imóveis subiu 106%, enquanto os salários cresceram 35%. Em 2024, os aluguéis aumentaram 7%, o maior crescimento em três décadas, com destaque para Lisboa e a região Norte.
Relatos de brasileiros: moradias pequenas e contratos irregulares
A brasileira Patrícia Breternitz Pereira, que vive com o marido em um T0 localizado a 30 km de Lisboa, relata que paga € 700 mensais pelo imóvel, embora apenas € 600 sejam oficialmente declarados. Segundo ela, o valor adicional é pago em dinheiro vivo, conforme exigência do proprietário. O casal desembolsou € 2.100 (cerca de R$ 13.650) na entrada do imóvel, entre caução e seguro. O contrato é irregular, e o nome de Patrícia não foi incluído no documento, o que dificulta a regularização migratória.
Outro caso é o da psicóloga Fernanda, residente em Portugal há três anos. Ela já viveu em sete moradias distintas, incluindo uma cozinha adaptada. Atualmente, paga € 500 (R$ 2.550) por um quarto compartilhado com três pessoas. Nunca teve um contrato formal de aluguel.
Impacto no custo de vida e na inflação
O peso da habitação é um dos principais componentes da inflação em Portugal. De acordo com dados do INE, o reajuste dos aluguéis representa quase três vezes a média geral da inflação. A ausência de uma política habitacional eficaz tem pressionado ainda mais os inquilinos, em especial os estrangeiros, que enfrentam exigências documentais rigorosas e concorrência elevada nos grandes centros urbanos.
Manifestação por meio da arte
A realidade da crise inspirou o cineasta brasileiro Danilo Godoy, que transformou sua experiência pessoal em um curta-metragem intitulado “Procuro T”, exibido na Cinemateca de Lisboa. A obra mescla cenas documentais com ficção e denuncia a precariedade enfrentada por imigrantes no mercado de habitação. O filme também foi levado ao Short Film Corner do Festival de Cannes, ainda em versão não finalizada.
Segundo Danilo, o curta busca provocar reflexão e estimular a mobilização entre os imigrantes na Europa.
“O cinema é a nossa arma. Precisamos nos ouvir e agir”, afirmou.
*Com informações da RFI.
Share this:
- Click to print (Opens in new window) Print
- Click to email a link to a friend (Opens in new window) Email
- Click to share on X (Opens in new window) X
- Click to share on LinkedIn (Opens in new window) LinkedIn
- Click to share on Facebook (Opens in new window) Facebook
- Click to share on WhatsApp (Opens in new window) WhatsApp
- Click to share on Telegram (Opens in new window) Telegram
Relacionado
Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)
Subscribe to get the latest posts sent to your email.




