A crise humanitária na Faixa de Gaza atingiu um novo patamar nesta terça-feira (29/07/2025), segundo o Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas. Em declaração oficial, a organização comparou a situação no território palestino às fomes históricas da Etiópia e de Biafra, alertando que cerca de 470 mil pessoas vivem em condições próximas da fome. Israel resiste à pressão internacional por um cessar-fogo, enquanto cresce o apoio à solução de dois Estados nos debates da ONU.
De acordo com o PAM, um terço da população de Gaza não consome alimentos há dias, e cerca de 90 mil mulheres e crianças necessitam de tratamento nutricional imediato. Mais de 2,1 milhões de pessoas dependem da ajuda alimentar internacional. Para suprir as necessidades mínimas da população, seriam necessárias 62 mil toneladas de alimentos por mês, número três vezes superior ao volume atualmente distribuído.
O diretor de emergências do PAM, Ross Smith, afirmou que “isso não se parece com nada que tenhamos visto neste século”. A entidade defende que um cessar-fogo é condição essencial para o fornecimento contínuo e seguro de ajuda à população civil.
ONU alerta para agravamento da fome em Gaza
Segundo relatório do IPC (Classificação Integrada da Fase da Segurança Alimentar), órgão internacional especializado no monitoramento da insegurança alimentar, o pior cenário da fome já está em curso em Gaza. O documento, assinado por agências da ONU e ONGs, indica que os lançamentos aéreos de comida, autorizados por Israel, são insuficientes para conter a crise.
Israel rejeita pressões por cessar-fogo
Mesmo diante das críticas, o ministro israelense das Relações Exteriores, Gideon Saar, rejeitou a pressão internacional para encerrar os conflitos. Segundo ele, a campanha global representa uma “mobilização tendenciosa” a favor de um Estado palestino. Saar afirmou que uma trégua enquanto o Hamas continuar no poder e manter reféns seria inaceitável para Israel.
Internamente, há divergência entre membros do governo israelense. Ministros da ala mais radical, como Bezalel Smotrich e Itamar Ben Gvir, se opõem a qualquer negociação. Saar, por outro lado, admite discutir alternativas, desde que não envolvam concessões estratégicas.
Solução de dois Estados ganha apoio internacional
Na segunda-feira (28/07/2025), a Assembleia Geral da ONU deu início a uma conferência ministerial sobre o conflito Israel-Palestina. A reunião, boicotada por Estados Unidos e Israel, reforçou o apoio à criação de dois Estados, israelense e palestino, como única forma viável de alcançar a paz na região.
O primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Mustafa, defendeu que o Hamas entregue as armas e o controle de Gaza, afirmando que a Autoridade está preparada para assumir a governança e segurança do território com apoio internacional.
Representantes da França e de outros países reforçaram que um cessar-fogo duradouro só será possível com um plano político pós-guerra e com alternativas claras ao atual cenário de conflito. Em resposta, os Estados Unidos classificaram a conferência como um “truque publicitário”, e Israel alegou que o encontro “não promove uma solução viável”.
Desde 7 de outubro de 2023, a guerra entre Israel e Hamas resultou, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, em cerca de 60 mil mortes no território palestino e grande destruição da infraestrutura da Faixa de Gaza.
*Com informações da RFI.
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