França registra maior nível de pobreza e desigualdade social em três décadas

Relatório oficial aponta que 9,8 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza no país.
Relatório oficial aponta que 9,8 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza no país.

A Pesquisa de Impostos e Seguridade Social Francesa (ERFS) revelou que a pobreza e a desigualdade social na França atingiram em 2023 os níveis mais altos dos últimos 30 anos. Segundo o levantamento, 9,8 milhões de pessoas vivem com menos de € 1.288 por mês, valor inferior ao salário mínimo francês, caracterizando condição de pobreza conforme os critérios nacionais.

O relatório, publicado pelo Instituto Nacional de Estatística e Estudos Econômicos (Insee), aponta que o valor é insuficiente para cobrir os principais custos de vida no país. O aluguel médio de um apartamento de 45 m² é de € 670, e os gastos mensais com alimentação de uma família de três pessoas giram em torno de € 400, dificultando a manutenção de um padrão de vida básico para as camadas mais vulneráveis da população.

Além do aumento da pobreza, o estudo registrou agravamento da desigualdade de renda. Em 2023, os 20% mais pobres receberam 4,5 vezes menos que os 20% mais ricos. O padrão de vida mediano cresceu 0,9%, enquanto a inflação foi de 4,9%, resultando em perdas reais para as famílias de baixa renda. A renda dos 10% mais pobres caiu 1%, ao passo que a dos 10% mais ricos aumentou 2,1%, impulsionada por investimentos financeiros e benefícios fiscais.

O chefe do Departamento de Recursos e Condições de Vida das Famílias do Insee, Michel Duée, destacou que essa configuração remete à década de 1970. Segundo ele, o perfil da população em situação de pobreza permanece estável, com predominância de desempregados, famílias numerosas e famílias monoparentais. Estas últimas são as mais impactadas, com uma taxa de pobreza 2,9 pontos percentuais acima da média nacional.

Entre os fatores que contribuíram para esse cenário, o Insee aponta o fim de auxílios emergenciais concedidos em 2022, como o subsídio contra a inflação e o bônus de volta às aulas, além do crescimento do número de microempreendedores com baixa renda entre os trabalhadores autônomos.

Organizações sociais confirmam a deterioração das condições de vida. Lotfi Ouanezar, CEO da associação Emmaüs Solidarité, relatou que a demanda por alimentos aumenta no início do mês, evidenciando a falta de recursos básicos mesmo antes da quinzena.

*Com informações da RFI.


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