Igreja Senhor dos Passos preserva estilo gótico e história centenária em Feira de Santana

A Igreja Senhor dos Passos, localizada na Avenida Senhor dos Passos, no centro de Feira de Santana, é um marco da religiosidade local e da arquitetura inspirada no estilo gótico europeu. A construção do atual templo foi iniciada em 1922, com base no projeto arquitetônico elaborado por Acioly Ferreira da Silva, aprovado em 06/07/1921 pelo então arcebispo da Bahia, Dom Jerônimo Tomé da Silva. O templo segue passando por obras de reforma e manutenção estrutural, mantendo sua relevância histórica e religiosa na cidade.

Inspirado nas grandes catedrais góticas da França, como a Catedral de Notre-Dame de Paris, iniciada em 1163, o projeto adotou elementos característicos do estilo, como linhas verticais, arcos ogivais e vitrais decorativos. Embora de proporções modestas se comparado às catedrais europeias, o templo se destaca como referência arquitetônica na região.

A história da devoção ao Senhor dos Passos em Feira de Santana teve início com a construção de uma capela entre 1850 e 1852, por iniciativa do comendador Felipe Pedreira de Cerqueira, localizada onde hoje funciona o Paço Municipal Maria Quitéria. A autorização para a construção foi concedida por Dom Romualdo Seixas, arcebispo da época.

Com o início das obras do atual prédio em 1922, a pedra fundamental foi lançada em terreno doado pela Prefeitura à comissão liderada pelo médico e professor Gastão Clóves dos Santos Guimarães. A primeira missa foi celebrada em 15/07/1929 pelo Monsenhor Tertuliano Carneiro da Silva. A igreja foi aberta ao público em 1936, mesmo ainda em fase de construção. A segunda missa ocorreu em 02/04/1932, celebrada por Monsenhor Amílcar Marques.

Entre 1951 e 1964, o templo permaneceu fechado para cultos. As obras foram retomadas sob coordenação do padre Aderbal Saback Miranda, que se tornou o primeiro pároco oficial da paróquia em 06/06/1964. Ele permaneceu no cargo até 29/09/1975, sendo o único a receber o título de inamovível, conferido canonicamente.

Nas décadas seguintes, diversas campanhas de arrecadação permitiram a conclusão de etapas importantes da construção. Em 1974, uma campanha natalina arrecadou fundos para melhorias internas. Em 1977, foram finalizadas a sacristia, a casa paroquial e o piso de mármore. O templo não possui sino devido à falta de recursos, à época, para adquirir um carrilhão com todas as notas musicais.

Os vitrais foram reconstituídos por Pascoal, artesão natural de Alagoinhas, com formação em Lyon, França, cidade reconhecida por sua tradição em vitralismo. A obra se destaca também por seu valor histórico-cultural, integrando o acervo arquitetônico religioso da cidade.

A influência do estilo gótico no projeto original remete a técnicas medievais desenvolvidas na França, onde se estima que existam 80 das 180 catedrais góticas da Europa. Tais construções, erguidas com mão de obra voluntária ao longo de décadas, são conhecidas pelas abóbadas cruzadas e estruturas verticais.