A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) divulgaram a Sondagem Indústria da Construção, apontando as taxas de juros elevadas como o principal problema enfrentado pelo setor no segundo trimestre de 2025. A questão foi mencionada por 37,7% dos empresários, um aumento em relação aos 35,3% registrados no primeiro trimestre.
Segundo Isabella Bianchi, analista de Políticas e Indústria da CNI, os juros afetam tanto a oferta quanto a demanda no setor. Do lado da oferta, os empresários enfrentam aumento no custo do crédito para financiar novos projetos. Na demanda, consumidores também são impactados ao buscar crédito para aquisição de imóveis ou serviços da construção.
Carga tributária e mão de obra qualificada completam ranking de dificuldades
Na segunda posição entre os principais desafios está a alta carga tributária, citada por 30,5% dos empresários, contra 27,8% no primeiro trimestre. Em terceiro lugar aparece a falta ou alto custo de trabalhador qualificado, apontada por 24,6% dos entrevistados, em queda frente aos 27,1% anteriores.
De acordo com Mayara Serra, diretora de Desenvolvimento da Maso Engenharia e Consultoria, os três fatores formam um conjunto que complica o dia a dia das empresas. Para ela, a desaceleração nos preços de insumos e matérias-primas tem ajudado a equilibrar o cenário, permitindo maior previsibilidade no planejamento de obras.
Índices financeiros e operacionais apresentam retração
A pesquisa indica queda no índice de satisfação com a situação financeira, que passou de 46,4 para 45 pontos. Também houve recuo nos indicadores de lucro operacional, de 42,8 para 42,5 pontos, e de facilidade de acesso ao crédito, de 37,4 para 35,5 pontos. Todos os indicadores estão abaixo da linha dos 50 pontos, sinalizando insatisfação crescente entre os empresários.
O índice de evolução do nível de atividade ficou em 48,8 pontos em junho, inferior aos 49,9 pontos registrados em junho de 2024 e 2023. O índice de número de empregados também caiu, atingindo 48,3 pontos, contra 48,8 em 2024 e 50 em 2023.
A Utilização da Capacidade Operacional (UCO) reduziu de 67% para 66%, ficando abaixo dos níveis dos dois anos anteriores, que foram de 68% em 2024 e 67% em 2023.
Confiança e intenção de investimento diminuem
Em julho de 2025, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) da Construção registrou queda de 0,4 ponto, atingindo 47,1 pontos. Já o índice de intenção de investimento recuou 2,4 pontos, ficando em 40,4 pontos. Apesar da queda, o valor ainda está 2,3 pontos acima da média histórica.
Segundo Isabella Bianchi, a retração da confiança é consequência da percepção negativa sobre as condições atuais, tanto nas empresas quanto na economia nacional.
Expectativas para o segundo semestre permanecem positivas
Mesmo diante de um cenário desafiador, os empresários mantêm expectativas positivas para os próximos seis meses. O índice de expectativa de número de empregados subiu 1,9 ponto, chegando a 52,9 pontos, enquanto o índice de expectativa de compras de insumos aumentou 1,1 ponto, totalizando 52,2 pontos.
Outros dois indicadores também permanecem acima da linha dos 50 pontos: o nível de atividade, com 53,1 pontos, e o de novos empreendimentos e serviços, com 50,5 pontos. Para Mayara Serra, a queda nos preços dos insumos tem permitido melhor organização financeira, incentivando a manutenção e criação de novos projetos.
Amostra da pesquisa
A sondagem foi realizada entre os dias 1º e 10 de julho de 2025, com 305 empresas da construção civil: 118 pequenas, 123 médias e 64 grandes.
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