O artista plástico Ricardo Jerônimo Campos, natural de Feira de Santana, desenvolve há 27 anos a pintura mediúnica, também conhecida como psicopictografia, técnica na qual o médium realiza obras inspiradas por espíritos de pintores já falecidos. Todo o valor arrecadado com a venda das telas é revertido para instituições que promovem ações sociais, especialmente voltadas à assistência de crianças e idosos em situação de vulnerabilidade.
A prática de Ricardo Campos, iniciada em 1998, teve origem em uma sessão de yoga realizada na residência da professora Elda Prado, em Feira de Santana. O artista relata que, a partir dessa experiência, passou a sentir uma forte energia e impulsos criativos. No início, produzia as obras de olhos fechados, utilizando apenas as mãos. Com o tempo, passou a realizar o trabalho com os olhos abertos, em público, e até utilizando os pés, sem ferramentas tradicionais de pintura como pincéis.
Ao longo de quase três décadas, Ricardo produziu mais de mil obras mediúnicas. Apesar de ser destro, desenvolveu a habilidade de pintar também com a mão esquerda. Suas apresentações e exposições ocorreram em diversos municípios da Bahia e de Minas Gerais, incluindo Salvador, Alagoinhas, Ibiquara e o Núcleo Aurora, além do Instituto de Divulgação Espírita da Bahia (IDEB). A Galeria das Cores Jerônimo Campos, localizada no Grande Hotel Stella Maris, em Salvador, é uma homenagem ao seu trabalho.
A pintura mediúnica, segundo estudiosos do espiritismo, é uma manifestação do espírito através do médium, semelhante à psicografia no campo da escrita. Esse fenômeno é mencionado por Allan Kardec em “O Livro dos Espíritos”. A prática teria surgido no século XIX, com relatos iniciais na Índia, também protagonizados por mulheres.
Ricardo Campos, filho de Valdo Alves Campos e Iris Alves, teve formação católica e hoje se declara espiritualista. Ele afirma que respeita todas as religiões e doutrinas. Seu envolvimento com a arte começou na juventude, quando estudava no Ginásio Municipal Joselito Falcão de Amorim, em Feira de Santana. Em 1973, realizou sua primeira exposição no Museu Regional de Feira, atual Museu de Arte Contemporânea Raimundo de Oliveira.
Além da pintura mediúnica, Ricardo também se dedica a outras formas de arte, como escultura, xilogravura, carvão, óleo sobre tela, além de compor músicas e escrever poesias. Em um evento realizado em 03/03, em Salvador, recitou espontaneamente uma poesia em homenagem a Divaldo Franco, referência nacional do espiritismo, que faleceu no dia seguinte.
Durante a execução das obras mediúnicas, o artista relata alterações físicas e vocais temporárias, seguidas de intenso cansaço, comparável a um esforço físico prolongado. Ricardo afirma não se preocupar com reconhecimento comercial, pois sua motivação é exclusivamente voltada ao auxílio de causas assistenciais.
Entre os artistas que mais influenciam suas obras mediúnicas estão Leonardo da Vinci, Van Gogh, Henri Matisse, Renoir, Picasso, Tarsila do Amaral, Di Cavalcante e outros nomes da pintura clássica e moderna. As telas produzidas apresentam traços identificáveis com esses mestres, segundo observadores e organizadores das exposições.
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