As novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos podem provocar uma redução de R$ 798 milhões no Produto Interno Bruto (PIB) de Goiás, conforme projeção da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A medida tarifária, que deve entrar em vigor em 1º de agosto, estabelece uma alíquota de 50% sobre produtos brasileiros, o que pode comprometer significativamente setores estratégicos da economia goiana como agroindústria, mineração e autopeças, segundo análise técnica da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg).
A nova política comercial se soma a tarifas anteriores aplicadas em março deste ano, que impuseram 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio. As estimativas preliminares da Fieg apontam para uma possível redução de até 15% no fluxo comercial entre Goiás e os EUA.
Impactos econômicos e reação do setor industrial
O presidente em exercício da Fieg, Flávio Rassi, declarou ao Jornal Times Brasil, da CNBC, que o percentual de retração já está sendo observado e pode ser ainda maior. Ele classificou a tarifação como inesperada e destacou que a indústria não teve tempo hábil para se reorganizar:
“[A indústria] não consegue reorganizar os seus meios de produção e os seus mercados”, afirmou.
Rassi também defendeu a necessidade de foco técnico nas negociações, sugerindo que o governo brasileiro deixe de lado questões ideológicas e priorize o apoio ao setor produtivo nacional.
Relevância de Goiás no cenário industrial e agrícola
De acordo com a nota técnica da Fieg, Goiás tem papel relevante nas exportações nacionais de commodities agrícolas e produtos manufaturados. Dados do Portal da Indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicam que a indústria representa 21,0% das exportações estaduais. Somente em 2024, o estado exportou US$ 2,592 bilhões em produtos industriais, ocupando a 12ª posição no ranking nacional.
A importância do estado também se reflete na produção agrícola. Segundo a Agência de Notícias do Governo de Goiás, a safra 2024/25 deve alcançar 78,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, consolidando Goiás como o terceiro maior produtor do país.
Propostas para mitigar os efeitos das tarifas
A Fieg propõe uma articulação diplomática envolvendo o Itamaraty, governos estaduais e o setor produtivo, como forma de conter os impactos negativos da medida norte-americana. As ações sugeridas incluem:
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Diversificação da pauta de exportações, com foco em mercados da União Europeia e países asiáticos;
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Medidas compensatórias para setores fortemente afetados;
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Negociações técnicas multilaterais com países que também foram impactados;
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Reforço de políticas públicas para apoio à indústria nacional.
Setor agropecuário alerta para riscos adicionais
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, também se manifestou. Em nota publicada no site da entidade, Schreiner, que também é 1º vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), destacou a importância de relações comerciais estáveis e previsíveis para a sustentação do agronegócio.
“A agricultura e a pecuária brasileiras podem se tornar os primeiros alvos práticos dessa instabilidade. Goiás, por exemplo, é fortemente exportador e depende de relações comerciais sólidas”, disse Schreiner.
Produtos goianos mais afetados pelas tarifas dos EUA
Segundo a Faeg, os principais produtos de exportação de Goiás com potencial de impacto imediato incluem:
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Carne bovina: representa 61,8% das exportações do estado aos EUA;
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Açúcar de cana: com vendas estimadas em US$ 32,3 milhões;
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Frutas, milho, café, peixes e hortaliças;
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Máquinas agrícolas: correspondem a 25,5% das importações goianas dos EUA;
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Fertilizantes e adubos: representam 6% das importações do estado.
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