Brasil busca ampliar participação de micro e pequenas empresas no mercado internacional

Reunião em São Paulo debate estratégias para aumentar exportações das MPEs e prepara força-tarefa para orientar empresários.
Reunião em São Paulo debate estratégias para aumentar exportações das MPEs e prepara força-tarefa para orientar empresários.

Representantes do governo federal, entidades de classe e setor produtivo reuniram-se na terça-feira (05/08/2025) na sede da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) para discutir estratégias de ampliação das exportações brasileiras, com foco nas micro e pequenas empresas (MPEs), que respondem por cerca de 40% dos exportadores, mas representam apenas 0,8% do valor total exportado pelo país.

O encontro contou com a participação do embaixador Laudemar Aguiar Neto, secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que destacou os desafios impostos pelas recentes barreiras comerciais contra produtos brasileiros. Segundo ele, trata-se de sanções disfarçadas que exigem ações coordenadas para proteger os pequenos negócios.

Entre os temas abordados, esteve o fortalecimento da cadeia produtiva nacional por meio da agregação de valor aos produtos exportados, exemplificado pelo setor do café, que emprega cerca de 2 milhões de pessoas, mas ainda exporta principalmente o grão verde, com baixo valor agregado. Também foi ressaltada a necessidade de diversificar os destinos das exportações, atualmente concentradas principalmente na China e nos Estados Unidos.

O embaixador ressaltou ainda o esforço conjunto do Itamaraty, MDIC, ApexBrasil e outras entidades para ampliar a pauta exportadora, citando a Embraer como exemplo de empresa que tem expandido contratos no exterior, sobretudo nos Estados Unidos, com perspectiva positiva para os próximos anos.

Na mesma reunião, a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e a ACSP anunciaram a criação de uma força-tarefa conjunta envolvendo Fecomércio, Sebrae e MDIC para promover ações de informação e orientação sobre comércio exterior direcionadas às pequenas empresas.

O presidente da CACB, Alfredo Cotait, ressaltou a importância de preparar os empresários para o impacto do Acordo de Livre Comércio entre Mercosul e União Europeia, que aguarda ratificação nos parlamentos dos países envolvidos. O tratado prevê a criação de uma zona de livre comércio, com redução gradual de tarifas, abertura de mercados e mecanismos de cooperação multissetorial, abrangendo temas como serviços, investimentos, propriedade intelectual, meio ambiente e direitos humanos.

A expectativa é que cerca de 90% dos produtos negociados com a União Europeia tenham tarifa zero após a implementação do acordo. Contudo, especialistas apontam que os benefícios para a indústria nacional podem ser limitados, dada a baixa competitividade nos produtos industrializados, exceto no agronegócio. Por isso, foi sugerida a identificação dos produtos com maior potencial de aproveitamento pelas micro e pequenas empresas na primeira fase da redução tarifária.

Outro ponto destacado foi o desafio do acesso das MPEs aos mercados externos. Para isso, foram defendidas ações como o fortalecimento das missões compradoras, em que compradores estrangeiros visitam o Brasil para fechar negócios diretamente, reduzindo custos logísticos. Um exemplo citado foi o aumento das exportações de café para a China, que dobrou de 120 mil para 240 mil toneladas no último ano graças a uma parceria com um grande comprador asiático.

Foi apresentada também a iniciativa FUNPEX, um fundo de financiamento destinado a custear passagens e hospedagens de micro e pequenas empresas selecionadas para participar de projetos de exportação. O fundo será coordenado pela ApexBrasil e pelo Sebrae, com participação da CACB, MDIC e outras instituições. A iniciativa busca garantir que empresas menores tenham condições de acessar mercados internacionais mesmo sem recursos próprios para investimento inicial.

O embaixador Laudemar Aguiar destacou que a entrada de pequenas empresas no mercado externo gera impactos positivos, como aumento da capacidade produtiva, elevação de salários e fortalecimento do ecossistema local. O encontro reforçou o compromisso conjunto de construir uma política comercial inclusiva, que possibilite crescimento sustentável e amplie a presença brasileira no comércio internacional.


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