O Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades lançou nesta quinta-feira (28/08/2025), em Brasília (DF), o terceiro Relatório do Observatório Brasileiro das Desigualdades 2025, produzido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). De 43 indicadores analisados, 25 apresentaram avanços, principalmente nas áreas de educação, trabalho, saúde e meio ambiente.
Apesar dos progressos, três indicadores registraram retrocessos, relacionados a saúde e condições de moradia, e oito mantiveram estabilidade. O estudo destaca que desigualdades por raça, gênero e região persistem, e que os avanços ainda são lentos.
O deputado Pastor Henrique Vieira (PSol-RJ) ressaltou a necessidade de que os dados sejam usados para planejamento de políticas públicas e redução de desigualdades, enfatizando que os indicadores representam vidas e histórias de brasileiros. O sociólogo Clemente Ganz Lúcio, representante do Pacto Nacional, destacou que o relatório busca monitorar progressos e sinalizar desigualdades estruturais em múltiplas dimensões.
Meio ambiente e mudanças climáticas
O relatório aponta redução nas emissões de CO₂ per capita, de 12,4 tCO₂e em 2022 para 10,8 tCO₂e em 2023. A área desmatada caiu 41,3% entre 2022 e 2024, embora estados como Acre (31%), Roraima (8%) e Piauí (5%) tenham registrado aumentos. A ativista Gisele Brito, do Instituto de Referência Negra Peregum, relacionou o desmatamento ao modelo econômico centrado no agronegócio, que impacta populações indígenas e quilombolas.
Educação e escolarização
O estudo mostra crescimento na frequência em creches de crianças de 0 a 3 anos, de 30,7% em 2022 para 34,6% em 2024, ainda abaixo da meta do Plano Nacional de Educação (50%). A taxa de escolarização do ensino médio subiu de 71,3% para 74,0%, e o ensino superior de 20,1% para 22,1%. Mulheres, especialmente não-negras, continuam a superar os homens em matrícula universitária (32,4% versus 20,3% para mulheres negras).
Renda, trabalho e desigualdade
O rendimento médio dos ocupados cresceu 2,9% em 2024, alcançando R$ 3.066, e a taxa de desocupação caiu de 7,8% para 6,6%, com destaque para a redução entre mulheres e população negra. Apesar disso, os 1% mais ricos continuam com renda 30,5 vezes superior aos 50% mais pobres. O relatório também destaca redução da pobreza em 23,4% e queda na taxa de homicídios de jovens de 15 a 29 anos de 49,7% para 45,8%.
Saúde
Houve redução na mortalidade materna, de 113 óbitos a cada 100 mil nascidos vivos em 2021 para 52 em 2023, com resultados piores nas regiões Norte e Nordeste. A mortalidade infantil e desnutrição infantil ainda são mais elevadas entre crianças indígenas e negras, refletindo desigualdades estruturais.
Entre os retrocessos, destaca-se aumento de feminicídios, de 1.350 em 2020 para 1.492 em 2024, e a elevação de mortes evitáveis, especialmente entre negros, atingindo quase o dobro da mortalidade entre jovens não negros.
Transformação e políticas públicas
Clemente Ganz Lúcio apontou que os dados indicam potencial para transformação em duas frentes: crescimento econômico com geração de empregos de qualidade e políticas públicas sustentáveis que reduzam desigualdades. A coordenadora Gisele Brito reforçou a necessidade de justiça climática, cidades antirracistas e combate ao racismo ambiental.
*Com informações da Agência Brasil.
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