O cientista político Gaspard Estrada, da London School of Economics, afirmou nesta segunda-feira (04/08/2025) que o tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil pelo governo de Donald Trump possui forte componente político e ideológico, e que o país está “apenas no começo da crise”. A medida tarifária, assinada em 30/07/2025, estabeleceu taxas de importação de até 50% sobre produtos brasileiros, provocando reações no cenário interno e externo.
Em entrevista, Estrada destacou que a decisão norte-americana não se restringe ao campo econômico. Para ele, a ordem executiva assinada por Trump evidencia motivações políticas, o que dificulta negociações bilaterais e impacta o comércio exterior brasileiro. O cientista político ressaltou que setores estratégicos como aviação foram poupados, resultado de gestões diretas do setor privado brasileiro junto a autoridades norte-americanas.
Segundo Estrada, o impacto econômico imediato será limitado, pois alguns produtos foram excluídos da lista de tarifas. Ele avalia que o governo brasileiro deve concentrar apoio aos setores mais atingidos, reduzindo riscos de descontinuidade produtiva. No entanto, ele observa que o efeito político da medida pode ser duradouro, especialmente no contexto das eleições presidenciais de 2026.
O cientista político também comparou o caso brasileiro ao do México, que enfrentou ameaças tarifárias semelhantes durante o governo Trump, mas conseguiu negociar por possuir acordo de livre comércio com os EUA. No caso do Brasil, a ausência desse tipo de acordo e a atuação de atores políticos internos nos EUA, como Eduardo Bolsonaro, dificultaram o processo de mediação.
Para Estrada, o tarifaço tende a isolar politicamente o bolsonarismo, já que a classe política brasileira reagiu em defesa do Supremo Tribunal Federal e a opinião pública tem demonstrado apoio ao presidente Lula. Ele pondera, contudo, que o cenário pode evoluir, dependendo da intensidade dos efeitos econômicos e diplomáticos ao longo do próximo ano.
*Com informações da RFI.
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