A imposição de uma tarifa de 50% sobre o café brasileiro pelos Estados Unidos sinaliza mudanças no mercado de café norte-americano, conforme apuração da mídia internacional. O Brasil, principal produtor mundial de grãos arábica e fornecedor de aproximadamente 35% a 40% do café consumido nos EUA, enfrenta barreiras que podem elevar os preços no varejo e alterar receitas de cafeterias e supermercados.
O Brasil deve produzir cerca de 65 milhões de sacas de café na safra 2025-2026, com mais da metade sendo do tipo arábica, superior à soma dos cinco maiores países produtores concorrentes. Segundo o Rabobank, citado pelo The Wall Street Journal, a substituição do café brasileiro é difícil, o que evidencia a dependência do mercado norte-americano.
Embora o Vietnã seja o segundo maior produtor mundial, sua produção concentra-se no café robusta, mais barato e utilizado em produtos instantâneos, dificultando a substituição do arábica brasileiro na composição dos blends das torrefadoras dos EUA.
Com cerca de 99% do café consumido nos EUA importado — a produção interna limitada a pequenas áreas no Havaí, Califórnia e Porto Rico —, as torrefadoras norte-americanas enfrentam restrições de oferta e avaliam ajustes nas receitas ou aceitação de preços elevados. Empresas como JM Smucker e Kraft Heinz já anunciaram aumentos nos valores ao consumidor, com reajustes iniciados antes da vigência oficial da tarifa.
A tarifa, oficializada pelo presidente Donald Trump, inclui o café na lista de produtos brasileiros tributados em 50%, apesar de aproximadamente 700 outros produtos do Brasil terem sido excluídos da taxação, como sucos, combustíveis e aeronaves civis.
O Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé) manifesta preocupação com os efeitos da medida e defende a inclusão do café na lista de exceções da tarifa. Em comunicado, o Cecafé alerta para a elevação dos preços e consequente inflação para os consumidores dos EUA, reforçando que o café brasileiro representa mais de 30% do mercado norte-americano e que os EUA respondem por 16% das exportações brasileiras do produto.
Além disso, a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) destaca o impacto sobre o segmento de cafés especiais, ressaltando que os EUA importam cerca de 2 milhões de sacas anuais desse tipo, gerando uma receita superior a US$ 550 milhões para o Brasil.
A expectativa do mercado é que o aumento dos preços se reflita de forma gradual, com previsão de alta acumulada de 9% no custo médio de uma xícara de café nos EUA ao longo de 2025, mesmo com perspectivas de safra favorável no Brasil.
*Com informações da Agência Brasil e Sputnik News.
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