A Organização das Nações Unidas (ONU) celebra 80 anos em 2025 em meio a um cenário global marcado por crises, desigualdades e perda de confiança nas instituições internacionais. Especialistas afirmam que a organização enfrenta desafios estruturais e políticos, refletindo uma crise do multilateralismo, especialmente na atuação do Conselho de Segurança e na capacidade de promover segurança coletiva.
Crise do multilateralismo e limitações da ONU
Segundo Felipe Loureiro, professor do Instituto de Relações Internacionais da USP, a crise da ONU é multifatorial, resultando da intervenção unilateral de países poderosos, como os EUA no Iraque (2003), a OTAN na Líbia (2011) e a Rússia na Ucrânia (2014 e 2022). Essas ações, muitas vezes violando a Carta das Nações Unidas, comprometeram o respeito à soberania e à integridade territorial dos Estados-membros.
Impacto de lideranças e restrição de recursos
Loureiro aponta ainda que a ascensão de lideranças de extrema direita, a falta de financiamento e o sucateamento da estrutura da ONU enfraquecem o multilateralismo. Países como os EUA têm reduzido contribuições, limitando recursos críticos para programas de ajuda humanitária e manutenção da paz.
Conselho de Segurança e bloqueios operacionais
O professor afirma que o Conselho de Segurança tem se tornado cada vez menos funcional. Em conflitos recentes, como na Ucrânia e Gaza, membros permanentes atuaram direta ou indiretamente em violação à Carta da ONU, bloqueando ações significativas e prejudicando respostas a crises no Sul Global, incluindo a guerra civil no Sudão.
Atuação humanitária e caminhos de mitigação
Apesar das limitações, Loureiro destaca que a ONU continua indispensável em missões de paz, programas de alimentos e defesa dos direitos humanos. Para mitigar paralisias, ele defende maior protagonismo de coalizões como BRICS, G77 e G20 e fortalecimento de instâncias como a Assembleia Geral, mantendo o multilateralismo ativo dentro da organização.
Reconhecimento de diplomatas brasileiros e mulheres na ONU
Loureiro ressalta a importância de resgatar a participação de atores do Sul Global, incluindo Berta Lutz, que defendeu direitos das mulheres na Carta da ONU, e Sérgio Vieira de Mello, Alto Comissário de Direitos Humanos e enviado especial da ONU, cujo legado é preservado por cátedras universitárias dedicadas a refugiados e direitos humanos.
*Com informações da RFI.
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