Agricultores franceses retornaram às ruas de Paris nesta terça-feira (14/10/2025) em protesto contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, que está em processo de ratificação e será examinado em breve pelo Conselho Europeu. A mobilização reuniu centenas de manifestantes e tratores vindos de várias regiões, convocada pela Confederação Camponesa, o terceiro maior sindicato agrícola da França.
Percurso e demandas
O protesto percorreu a Esplanada dos Inválidos até a Torre Eiffel, com cartazes como “Não ao Mercosul” e “Mercosul: morte certa”. O sindicato solicita ao presidente Emmanuel Macron o cumprimento de seu compromisso de proteger o setor agrícola francês. Em fevereiro de 2025, durante o Salão da Agricultura, Macron classificou o acordo como problemático, mas após encontro com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, demonstrou disposição em assinar o tratado até o fim de 2025, sob condições específicas.
Medidas de salvaguarda da UE
A Comissão Europeia anunciou mecanismos de proteção para produtos agrícolas sensíveis, incluindo ações em caso de aumento repentino das importações ou queda de preços, com monitoramento intensificado, buscando mitigar impactos sobre o setor europeu.
Divergências e críticas ao presidente francês
Sindicalistas acusam Macron de manter “discurso duplo”. Segundo Thomas Gibert, porta-voz da Confederação Camponesa, o presidente estaria considerando o acordo aceitável mediante concessões mínimas, apesar dos impactos potenciais. Todos os sindicatos agrícolas franceses se opõem ao tratado, alertando para riscos à soberania alimentar e à competitividade do setor.
Processo de ratificação
O acordo, negociado por mais de 20 anos e assinado no final de 2024, prevê aumento das exportações da UE de automóveis, máquinas e vinhos e facilita a entrada de carne bovina, frango, açúcar e mel do Mercosul, com redução de tarifas alfandegárias. A França inicialmente tentou formar minoria de bloqueio, mas o capítulo comercial pode ser aprovado por maioria qualificada no Conselho da UE, independentemente da ratificação nacional. O Parlamento Europeu também terá de se pronunciar.
Riscos e preocupações dos agricultores
O sindicato destaca concorrência desleal, citando uso de pesticidas e antibióticos proibidos na Europa por países do Mercosul. Para Stéphane Galais, porta-voz da Confederação Camponesa, o acordo compromete a soberania alimentar, promove concorrência predatória e não seria neutralizado pelas cláusulas de salvaguarda.
Contexto judicial
A manifestação do dia 14 também apoiou dois integrantes do sindicato que serão julgados no Tribunal Judicial de Paris por participação em protesto anterior, respondendo por violência e rebelião em evento ligado a representantes do comércio de cereais.
*Com informações da RFI.
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