O empresário Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS nesta segunda-feira (06/10/2025), sendo questionado pelo relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), sobre o crescimento patrimonial incomum nos últimos anos e possíveis conexões com o advogado Nelson Wilians e outros investigados no esquema de descontos indevidos em benefícios previdenciários. Cavalcanti negou envolvimento em fraudes e alegou que sua fortuna decorre do trabalho em escritórios de advocacia e empresas de investimentos.
Patrimônio e bens apreendidos
Durante o depoimento, Cavalcanti admitiu a apreensão de carros de luxo, aviões, relógios, obras de arte e vinhos pela Polícia Federal, incluindo uma Ferrari avaliada em cerca de R$ 4 milhões, três Mercedes, dois Cadillacs, réplicas de Fórmula 1 e motocicletas importadas. O empresário afirmou que entregou as chaves de forma espontânea e que a Ferrari está sendo paga até 2027.
O relator questionou o número de veículos registrados na empresa FAC, de propriedade de Cavalcanti, estimado entre 21 e 23. Além disso, foram apreendidos oito relógios de luxo, um dos quais avaliado em R$ 1,3 milhão, e vinhos avaliados em aproximadamente R$ 7 milhões, entregues a um depositário. Obras de arte, como um quadro de Di Cavalcanti, também foram recolhidas pela PF.
Conexões empresariais e políticas
Cavalcanti detalhou sua atuação profissional, afirmando que começou a trabalhar com Nelson Wilians em 2009 e que em 2018 iniciou atividades de governança corporativa no escritório. Ele negou ser “laranja” ou operador de esquemas ilícitos e disse que sua renda é compatível com atividades empresariais legítimas.
O empresário reconheceu relações próximas com políticos, incluindo o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e o deputado distrital Joaquim Roriz Neto, além de ter realizado doações legais a campanhas de partidos como PP e PT, totalizando valores declarados e contabilizados. Cavalcanti também admitiu ter cotistas em dois aviões compartilhados com Nelson Wilians.
Uso do direito ao silêncio
Após responder inicialmente ao relator, Cavalcanti passou a fazer uso do direito ao silêncio, garantido por habeas corpus preventivo do STF, resguardando-se de perguntas que pudessem ser autoincriminatórias. Sob orientação do advogado Thiago Machado, ele se absteve de responder a questionamentos sobre movimentações financeiras, participação em empresas de apostas online e conexões com outros investigados.
Parlamentares, como os deputados Rogério Correia (PT-MG) e Alencar Santana (PT-SP), questionaram Cavalcanti sobre relações com Maurício Camisotti, Antônio Carlos Camilo Antunes (“Careca do INSS”) e a Conafer, além de suspeitas sobre o envolvimento em operações de fraude. O relator, Alfredo Gaspar, destacou que a CPMI busca esclarecer a participação de Cavalcanti e demais envolvidos no esquema de descontos indevidos do INSS.
Patrimônio e declarações fiscais
Cavalcanti afirmou que seu patrimônio em 2017 não excedia R$ 100 mil e que atualmente seus bens estão declarados no Imposto de Renda, sem fornecer valores exatos. Ele negou que o crescimento de sua fortuna esteja relacionado à Ambec (Associação de Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos), entidade investigada por descontos irregulares em aposentadorias.
Próximos passos da CPMI
A comissão deve avaliar novas convocações de representantes da Conafer, visando apurar responsabilidades e possíveis indiciamentos. Parlamentares reforçaram a necessidade de obter respostas objetivas sobre movimentações financeiras e conexões políticas relacionadas ao esquema investigado.
*Com informações da Agência Senado.
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