Na segunda-feira (20/10/2025), Tonia Andrea Inocentini Galleti, ex-integrante do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) e coordenadora jurídica do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS. Ela afirmou que, desde 2019, realizou alertas sobre fraudes em descontos associativos de aposentados e pensionistas, incluindo questionamentos sobre o crescimento de filiados e pagamentos a familiares por serviços prestados.
Alertas sobre fraudes e atuação no CNPS
Tonia relatou que tomou conhecimento das possíveis fraudes por meio de reclamações de associados, que apontaram filiações indevidas e utilização de serviços do sindicato por entidades desconhecidas. Segundo ela, em 2023, solicitou inclusão do tema na pauta do CNPS, mas a discussão não ocorreu. A Polícia Federal identificou que de 2019 a 2024 houve aumento de 77 vezes nos descontos associativos, passando de 18.690 para 1,4 milhão de beneficiários.
Desdobramentos das denúncias
Tonia afirmou que algumas medidas foram adotadas após seus alertas, incluindo abertura de procedimentos de investigação e envio de ofícios à Polícia Federal. Também mencionou a instrução normativa 162, criada após auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), estabelecendo procedimentos para descontos nos benefícios previdenciários.
Crescimento de filiados e parceria com banco BMG
O relator da CPMI, Alfredo Gaspar (União-AL), questionou o aumento de filiados ao Sindnapi a partir de 2019, coincidindo com a parceria com a corretora CMG, ligada ao Banco BMG. Segundo Gaspar, o sindicato arrecadou cerca de R$ 600 milhões com descontos automáticos, muitos sem autorização. Tonia rebateu, afirmando que o crescimento ocorreu de forma orgânica e programada, com crescimento médio de 4% ao mês, e que não houve fraude em fichas ou documentos de associados.
Repasses a familiares
Gaspar também questionou os pagamentos de mais de R$ 20 milhões a familiares de Tonia por meio de empresas e consultorias prestadas ao sindicato. A depoente afirmou que os valores correspondiam a serviços efetivamente prestados e que não havia impedimento legal para o recebimento. Ela criticou a associação de sua atuação com irregularidades e destacou que as denúncias servem para proteger beneficiários.
Operador de esquema e investigação em curso
O depoimento da ex-integrante do CNPS precedeu o depoimento de Felipe Macedo Gomes, ex-presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB), identificado como operador de esquema de fraudes que movimentou mais de R$ 1,1 bilhão entre 2022 e 2024. A ABCB teria realizado descontos em benefícios previdenciários sem autorização, utilizando convênios com o INSS para captação irregular de recursos, configurando violação dos direitos dos beneficiários.
*Com informações da Agência Brasil.
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