A indústria de transformação registrou queda de 5,3% no faturamento real em agosto, em comparação com julho, segundo dados divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta terça-feira (07/10/2025). O resultado marca o quarto desempenho negativo do ano, refletindo a desaceleração da atividade industrial no país.
Desempenho acumulado e impacto dos setores produtivos
Em julho, o setor havia apresentado leve alta de 0,4%, mas a retração de agosto reduziu o crescimento acumulado de 5,1% para 2,9% no comparativo entre janeiro e agosto de 2025 e o mesmo período de 2024.
De acordo com a CNI, 16 dos 22 segmentos da indústria de transformação registraram queda, com destaque para biocombustíveis e alimentos, que têm grande peso no cálculo do indicador.
Juros elevados e importações pressionam resultados
A especialista em Políticas e Indústria da CNI, Larissa Nocko, atribui a retração ao alto custo do crédito, decorrente do patamar elevado dos juros, e ao aumento das importações de bens de consumo.
Segundo ela, “a entrada significativa de produtos importados tem reduzido a demanda pelos bens nacionais e pressionado o faturamento das indústrias brasileiras”.
Cenário global e política comercial influenciam desempenho
Nocko também destacou que a valorização do real e a incerteza internacional têm contribuído para a perda de competitividade.
“Com o real valorizado, os produtos brasileiros ficam mais caros no exterior, e as indústrias exportadoras perdem espaço. Além disso, o ambiente global de incertezas afeta negativamente as expectativas de crescimento”, afirmou.
Importância do setor industrial para o crescimento econômico
O professor Victor Gomes, do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), reforçou o papel estratégico da indústria. “O setor industrial tem efeito multiplicador na economia, gerando valor adicionado, empregos e lucros ao longo da cadeia produtiva.”
Ele também ressaltou que parcerias estratégicas com os Estados Unidos podem favorecer a recuperação do setor, ampliando a participação do Brasil nas cadeias globais de produção.
Atividade industrial e emprego mantêm estabilidade
O número de horas trabalhadas recuou 0,3% em agosto, mas ainda registra alta de 1,6% no acumulado do ano.
O emprego industrial permaneceu estável pelo quarto mês consecutivo, após 18 meses de crescimento encerrados em abril. Entre janeiro e agosto, o setor empregava 2,2% mais trabalhadores do que no mesmo período de 2024.
Rendimentos em queda e leve melhora na capacidade instalada
A massa salarial caiu 0,5% em agosto e acumula retração de 2% no ano. O rendimento médio do trabalhador recuou 0,6% em relação a julho e 4,1% frente a 2024.
Por outro lado, a utilização da capacidade instalada (UCI) teve leve recuperação de 0,2 ponto percentual, atingindo 78,7%, após queda no mês anterior. Ainda assim, a média de 2025 segue 0,7 ponto abaixo da registrada no mesmo período do ano passado.
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