O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (Tropical Forests Forever Fund – TFFF) foi oficialmente lançado nesta quinta-feira (06/11/2025) durante a Cúpula do Clima de Belém, reunindo líderes de 53 países. O mecanismo, idealizado pelo Brasil e outros 11 países, já garantiu US$ 5 bilhões em aportes iniciais, metade da meta prevista para o primeiro ano de funcionamento. Os recursos, contudo, estão condicionados a negociações multilaterais que seguirão durante a COP30.
Criação do fundo e metas de preservação ambiental
O TFFF tem como objetivo remunerar a preservação das florestas tropicais, complementando os mecanismos que reduzem emissões de gases de efeito estufa. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o fundo representa um resultado concreto de implementação climática, com investimentos soberanos de países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Segundo Lula, o Banco Mundial atuará como sediador interino e fiduciário do secretariado do fundo. Os lucros serão distribuídos entre os países florestais e investidores, com 20% dos recursos destinados a povos indígenas e comunidades locais que vivem em regiões de floresta tropical.
Aportes iniciais e compromissos pendentes
O Brasil, a Indonésia, a Noruega e a França confirmaram os primeiros aportes, que somam US$ 5 bilhões, sendo US$ 3 bilhões da Noruega, € 500 milhões da França, US$ 1 bilhão do Brasil e US$ 1 bilhão da Indonésia.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que Alemanha, China, Países Baixos e Emirados Árabes Unidos demonstraram interesse em contribuir, mas ainda não divulgaram valores. A expectativa é de novos anúncios até o fim da cúpula.
Negociações e condicionalidades internacionais
Haddad destacou que há condicionantes para os aportes futuros, pois alguns países desejam participar da formulação final do fundo.
“Há detalhes a serem ajustados, o que é natural em um projeto recém-lançado”, afirmou.
O ministro norueguês do Clima e Meio Ambiente, Andreas Bjelland Eriksen, declarou que o “mutirão pelo clima” liderado pelo Brasil já começou, ressaltando que a segunda metade dos US$ 10 bilhões deverá ser obtida com o engajamento do setor privado.
Adesão internacional e papel do Brasil na COP30
Até o momento, 53 países endossaram o lançamento do TFFF, representando 90% das florestas tropicais globais, localizadas nas bacias da Amazônia, do Congo e de Bornéu-Mekong. A ministra Marina Silva destacou que o fundo simboliza a transição da fase de compromissos para a implementação efetiva de políticas climáticas.
“Estamos criando mecanismos concretos para proteger as florestas e evitar novas emissões de CO₂”, afirmou Marina, ressaltando que o Brasil chega à COP30, que começa na segunda-feira (10/11/2025), como exemplo de ação conjunta entre países florestais.
Reações de ONGs e críticas sobre governança
Organizações ambientalistas reconheceram o potencial do TFFF, mas apontaram lacunas nos critérios de transparência e controle. O Greenpeace Brasil alertou para o risco de greenwashing, defendendo a exclusão de setores como combustíveis fósseis, agropecuária industrial, mineração e armamentos das possibilidades de investimento.
A The Nature Conservancy (TNC Brasil) considerou o fundo um avanço na valorização das políticas de conservação, mas ressaltou a necessidade de reforçar mecanismos de governança. A Coalizão Mundial das Florestas, por outro lado, classificou o TFFF como uma “falsa solução”, argumentando que o modelo favorece a financeirização da preservação sem garantir remuneração justa aos países florestais.
Perspectivas e próximos passos
O Brasil continuará liderando as negociações multilaterais para definir os critérios de repasse e monitoramento dos recursos. O governo pretende integrar o TFFF a outros instrumentos de financiamento climático de longo prazo, ampliando a captação de capital privado e institucional.
Especialistas avaliam que, caso o fundo atinja a meta de US$ 10 bilhões, poderá consolidar-se como referência internacional de financiamento climático, reforçando o papel do Brasil na governança ambiental global.
*Com informações da RFI.
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