A Delegação da Santa Sé na COP30, presente em Belém, intensificou intervenções voltadas à tutela das pessoas, à proteção da criação e ao compromisso ético nas negociações climáticas. Composta por 10 representantes e liderada pelo cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin, a delegação tem participado de reuniões multilaterais, encontros com países e diálogos com entidades não governamentais, incluindo lideranças religiosas e comunidades católicas.
Durante a Conferência, o cardeal Parolin transmitiu mensagem do Papa Francisco, reforçando a necessidade de enfrentar “sem hesitação” os desafios climáticos. A Santa Sé destacou que a crise ambiental também possui dimensão moral, defendendo a centralidade da dignidade da pessoa humana em todas as decisões. Representantes lembraram que, por trás das negociações técnicas, estão comunidades diretamente afetadas pelos impactos climáticos.
A delegação ressaltou ainda a importância da convergência entre paz e cuidado ambiental, indicando que conflitos e degradação da natureza se retroalimentam. Nas discussões sobre transição justa, o Vaticano defendeu que avanços obtidos em conferências anteriores sejam mantidos e ampliados, com atenção especial às populações mais vulneráveis.
Contribuições para o debate climático
A Santa Sé tem apresentado contribuições de caráter ético, alinhadas ao Magistério da Igreja, afirmando que a crise climática exige responsabilidade moral e solidariedade. Nas negociações, reforça-se o convite para priorizar o impacto humano das mudanças ambientais, sobretudo para comunidades expostas a riscos socioeconômicos.
Outro ponto destacado é a relação entre meio ambiente e paz. A Santa Sé sustentou que iniciativas climáticas devem integrar políticas de prevenção a conflitos, alinhadas à visão de que proteção da criação e estabilidade global estão interligadas. Nesse contexto, o compromisso com a transição energética deve avançar, mantendo metas acordadas em conferências anteriores.
A delegação também enfatizou a urgência de mecanismos financeiros mais equitativos, incluindo o cancelamento da dívida soberana vinculada à dívida ecológica, como forma de apoiar os países mais atingidos. Segundo o Vaticano, tais instrumentos fortalecem políticas climáticas e estruturam uma transição justa.
Participação nas negociações sobre gênero
A Santa Sé participa das discussões do Gender Action Plan, reafirmando que mulheres e meninas enfrentam efeitos desproporcionais das mudanças climáticas, especialmente no Sul Global. A delegação defende o foco no acesso à educação, na participação em processos decisórios e no apoio de países desenvolvidos a países em desenvolvimento.
Representantes reiteraram, porém, que não aceitam a inclusão de conceitos não consensuais no texto do plano, posicionamento que, segundo o Vaticano, visa preservar o escopo técnico das negociações. A Santa Sé reforçou que o avanço do plano deve priorizar benefícios concretos às mulheres afetadas pelas mudanças climáticas.
Expectativas para os resultados da COP30
A Santa Sé afirmou esperar que a COP30 reforce o compromisso internacional com o multilateralismo e garanta avanços na implementação do Acordo de Paris, incluindo ações para limitar o aquecimento global a 1,5°C. Para o Vaticano, isso envolve ampliar eficiência energética, estimular energias de baixo carbono e fortalecer esforços de reflorestamento.
A delegação também defende a incorporação da ecologia integral nas políticas climáticas, conceito que integra meio ambiente, sociedade e economia. A proposta inclui programas educacionais e pesquisa, estimulando cultura de responsabilidade ambiental e engajamento comunitário.
Defesa das pessoas e da criação
A Santa Sé reconhece que a defesa da criação e das populações vulneráveis representa um desafio em ambiente de negociações globais. Contudo, enfatiza que políticas ambientais precisam considerar dignidade humana, liberdade e desenvolvimento integral, especialmente para grupos mais afetados pela crise climática.
O Vaticano afirma manter compromisso com o diálogo construtivo, buscando consenso entre delegações com culturas e interesses diversos. A atuação, segundo representantes, acompanha a missão da Igreja de promover entendimento, responsabilidade compartilhada e proteção da vida humana em todas as suas dimensões.
*Com informações da Vatican News.
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