Especialistas ouvidos pela Comissão Temporária para Atualização do Código Civil, durante audiência realizada na quinta-feira (13/11/2025), uma quinta-feira, manifestaram preocupação com regras de obrigações e contratos previstas no Projeto de Lei (PL) 4/2025. A avaliação de juristas e representantes do setor produtivo indica possíveis retrocessos, aumento de judicialização e impactos econômicos caso o texto seja aprovado sem alterações.
Pontos de tensão na modernização contratual
A comissão, presidida pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), analisa proposta que altera mais de 900 artigos e adiciona 300 dispositivos ao Código Civil, em vigor desde 2002. No encontro, o senador afirmou que o Legislativo deverá agir com cautela diante de novas normas relacionadas a tecnologias e de potenciais conflitos com legislações recentes aprovadas pelo Congresso, como a Lei de Seguros e o Marco Legal das Garantias.
Debate sobre arbitragem e impactos regulatórios
O vice-presidente do Comitê Brasileiro de Arbitragem, Guilherme Carneiro Monteiro Nitschke, declarou que alterações nos artigos 851 a 853 podem desestimular a arbitragem e gerar aumento de judicialização. Segundo ele, a proposta cria incertezas ao exigir fixação de preços em contratos de compra e venda, o que considera incompatível com práticas consolidadas. O especialista antecipou que o comitê enviará sugestões de ajuste ao Senado.
A advogada Judith Martins-Costa, representante da Confederação Nacional da Indústria, argumentou que o projeto pode reduzir investimentos e afetar o PIB, ao inserir no Código Civil dispositivos já contemplados em leis específicas, como o Código de Defesa do Consumidor. Para ela, o texto precisa considerar impactos diretos sobre empresas, infraestrutura e relações contratuais.
Interpretações, conflitos e lacunas identificadas
O advogado Rinaldo Mouzalas apontou a existência de situações dúbias, como casos envolvendo ações simultâneas de fiador e credor, sem solução clara no projeto. Já o advogado Rodrigo Cavalcante Moreira afirmou que o PL 4/2025 restringe contratos empresariais por adesão e promove interferência excessiva na autonomia das partes, elevando o risco de litígios.
Debate sobre “função social”, “ordem pública” e autonomia privada
O advogado Cristiano de Souza Zanetti defendeu o arquivamento do PL 4/2025, afirmando que o texto ameaça a autonomia privada e amplia a judicialização ao utilizar conceitos abertos, como “função social”, “ordem pública”, “paridade” e “simetria”.
A jurista Rosa Maria de Andrade Nery, relatora do anteprojeto, sustentou que tais expressões já integram o Direito Civil e não geram insegurança jurídica. Embora reconheça que alguns termos possam ser revistos, ela defende a manutenção dos princípios estruturantes do texto, incluindo a função social dos contratos.
O advogado José Roberto de Castro Neves reforçou a defesa do dispositivo que limita contratos à sua função social, classificando o princípio como inviolável para evitar insegurança jurídica.
Ajustes, processo legislativo e expectativa da sociedade
O advogado Pedro Zanette Alfonsin elogiou a condução dos trabalhos e classificou o processo como democrático, ressaltando que o texto ainda está em fase inicial e exigirá ajustes antes da votação final. Ele destacou que o Judiciário terá papel decisivo na aplicação do novo Código e que o Parlamento precisa informar e tranquilizar a sociedade sobre impactos e prazos.
Consolidação das propostas e próximos passos
Os senadores devem continuar ouvindo especialistas para consolidar um texto que preserve leis recentes, garanta segurança jurídica e responda às demandas sociais e econômicas contemporâneas. Segundo Pacheco, o objetivo é entregar ao país uma atualização que reflita consenso e solidez técnica.
*Com informações da Agência Senado.
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