Os países participantes da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30), realizada em Belém (PA), firmaram nesta quarta-feira (13/11/2025) uma declaração inédita voltada ao combate à desinformação climática, com foco em proteger profissionais da imprensa, pesquisadores e cientistas. A medida foi anunciada como parte da Iniciativa Global para a Integridade da Informação sobre Mudanças Climáticas, parceria entre o Governo brasileiro, a ONU e a Unesco.
Declaração de Integridade da Informação reúne 12 países
Nesta quarta-feira (13/11/2025), um grupo formado por Brasil, Canadá, Chile, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Espanha, Suécia, Uruguai, Países Baixos e Bélgica assinou a Declaração de Integridade da Informação sobre Mudanças Climáticas, compromisso internacional para enfrentar conteúdos falsos na internet e ataques contra comunicadores ambientais.
O anúncio foi feito com a presença do secretário de Políticas Digitais da Presidência do Brasil, João Brant, que destacou que o objetivo da iniciativa é “criar uma onda de difusão da verdade”. O fundo de apoio vinculado à iniciativa recebeu 447 propostas de quase 100 países, com financiamento inicial de US$ 1 milhão oferecido pelo Brasil.
Riscos da desinformação nas negociações climáticas
O enviado especial da COP30 para Integridade da Informação, Frederico Assis, alertou que a desinformação pode comprometer decisões diplomáticas e técnicas tomadas durante o evento. Segundo ele, a propagação de teorias conspiratórias e informações manipuladas tem potencial para afetar a mobilização global contra o aquecimento global.
Assis ressaltou que algoritmos de redes sociais amplificam conteúdos enganosos e que é essencial envolver lideranças políticas, religiosas e sociais no enfrentamento ao negacionismo climático.
Primeira vez que o tema entra na agenda oficial
O diretor de Políticas e Inclusão Digital da Unesco, Guilherme Canela, afirmou que esta é a primeira vez que o tema da integridade da informação é incluído na agenda oficial de uma COP. Ele explicou que o foco inicial será financiar projetos de jornalismo investigativo e pesquisa no Sul Global, com o intuito de entender como a desinformação é financiada e distribuída.
Canela destacou que a falta de transparência nas plataformas digitais dificulta o rastreamento da origem dos conteúdos enganosos, o que impede o avanço de políticas públicas eficazes para o enfrentamento do problema.
Ações digitais e o papel da sociedade civil
A influenciadora digital Maria Clara Moraes, integrante da iniciativa “Verificado” da ONU e cofundadora da plataforma Marias Verdes, afirmou que o combate à desinformação climática é possível, mas desafiador. Segundo ela, as narrativas negacionistas evoluem com o tempo, adotando novas linguagens para enfraquecer a confiança na ação climática.
Moraes destacou que campanhas que afirmam que “já é tarde demais para agir” também são formas de desinformação. Ela defendeu a importância de reforçar o multilateralismo e a credibilidade dos acordos climáticos como instrumentos fundamentais de coordenação global.
Educação e conscientização como ferramentas de transformação
A influenciadora observou que há crescimento da consciência ambiental entre as novas gerações, que têm papel central na disseminação de informações baseadas em evidências. Ela ressaltou que ações individuais cotidianas podem gerar mudanças sistêmicas significativas, fortalecendo a cultura da sustentabilidade.
Moraes afirmou que a mobilização digital e educacional deve caminhar ao lado de políticas públicas de regulação das plataformas e transparência de dados para conter o impacto das informações falsas sobre o clima.
*Com informações da ONU News.
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