O governo dos Estados Unidos e autoridades ucranianas avançaram nas negociações sobre uma nova versão do plano de paz para a Ucrânia, inicialmente composto por 28 pontos e alvo de críticas por favorecer demandas estratégicas da Rússia. As discussões, realizadas em Genebra no domingo e retomadas em Abu Dhabi, buscam revisar termos considerados sensíveis por Kiev e readequar propostas após pressões políticas internas e externas.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que as conversas reduziram o documento para menos de 28 pontos e incorporaram ajustes relevantes apresentados pela Ucrânia. A Casa Branca confirmou que o plano continua passando por modificações, após a divulgação da versão inicial que previa exigências como redução das Forças Armadas ucranianas e cessão territorial à Rússia.
O ultimato do presidente americano, Donald Trump, que estipulava prazo até 27 de novembro para assinatura do plano, ainda permanece ativo. Entretanto, integrantes do governo dos EUA afirmam que o documento é um texto “em evolução”, com revisões contínuas baseadas nas negociações de Genebra.
Negociações paralelas em Abu Dhabi
Enquanto autoridades americanas e ucranianas dialogam na Suíça, reuniões envolvendo representantes dos EUA e da Rússia ocorrem simultaneamente em Abu Dhabi. Segundo o Financial Times e a ABC News, a delegação americana é liderada pelo secretário do Exército, Dan Driscoll, e conta com a presença do chefe da inteligência militar ucraniana, Kyrylo Boudanov. As fontes divergem sobre a configuração dos encontros, se trilaterais ou separados.
Os veículos informam que as conversas agora se concentram em um plano reduzido para 19 pontos, com exclusão de tópicos como o tamanho futuro do Exército ucraniano e a anistia ampla às partes envolvidas no conflito.
A Casa Branca avalia que essas alterações podem abrir espaço para um acordo preliminar, ainda sem data para ser formalizado, mas com avanços considerados significativos pela equipe americana. Trump, em postagem na rede Truth Social, afirmou que “grandes avanços” podem estar próximos.
Reações europeias e críticas russas
Líderes europeus discutem o tema em videoconferência nesta terça-feira (25/11/2025). O grupo conhecido como Coalizão dos Voluntários defendeu garantias de segurança “robustas” para Kiev como parâmetro para qualquer acordo de paz. O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou que a Rússia não demonstra disposição para cessar-fogo e que a pressão diplomática deve continuar.
Moscou, porém, acusa a Europa de obstruir negociações diplomáticas. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, afirmou que países europeus utilizam meios políticos e midiáticos para dificultar iniciativas viabilizadas pelos EUA. Segundo ela, tais ações visam manipular o contexto da guerra e impedir avanços que contrariem interesses específicos do bloco europeu.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, reforçou que Moscou vê o plano dos EUA como possível base para um acordo, embora ainda não tenha recebido a versão revisada do documento. Ele descartou a participação de França e Alemanha como mediadores, citando Belarus e Turquia como alternativas mais adequadas.
Pressões internas nos EUA e impasses diplomáticos
Dentro dos Estados Unidos, parlamentares expressaram surpresa com o teor da primeira versão do plano, considerada excessivamente alinhada às demandas russas. O secretário de Estado, Marco Rubio, declarou que o documento vazado representava apenas uma proposta inicial. Ele evitou se reunir com a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, em Genebra, por avaliar falta de preparo técnico da representante para o tema, segundo a revista Responsible Statecraft.
Trump afirmou que a Ucrânia deve firmar um acordo “antes da visita de Zelensky aos EUA”, acrescentando que as negociações discutem questões territoriais e garantias de segurança envolvendo Europa e aliados de Kiev. Para Moscou, o reconhecimento do Donbass e da Crimeia como territórios russos permanece condição fundamental.
Conduta russa e expectativas para nova versão do documento
A Rússia aguarda o texto revisado atualmente discutido entre Washington, Bruxelas e Kiev. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que o “espaço para decisões está diminuindo”, devido ao comportamento militar no front. O assessor russo Yury Ushakov informou que o enviado especial americano, Steve Witkoff, viajará a Moscou na próxima semana para continuidade do diálogo.
Em meio às diferentes frentes diplomáticas, as negociações avançam, mas permanecem condicionadas à revisão final do plano, à posição de Kiev sobre exigências territoriais e à disposição da Rússia em aceitar modificações propostas pelos EUA e aliados.
*Com informações da Sputnik News e RFI.
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