O jornal chinês Global Times afirmou, em editorial publicado na quinta-feira (06/11/2025), que a continuidade da guerra comercial entre Estados Unidos e China poderá prejudicar as próprias economias de ambos os países. Segundo o veículo, medidas recíprocas de enfraquecimento econômico colocam em risco a segurança nacional e a recuperação financeira global.
Relações bilaterais e negociações econômicas
De acordo com o jornal, Pequim e Washington divulgaram recentemente declarações conjuntas após negociações em Kuala Lumpur, indicando que irão ajustar medidas econômicas e comerciais com base em acordos firmados. O texto analisa que, nos últimos nove meses, as relações bilaterais oscilaram entre avanços e retrocessos, levando à incerteza sobre o futuro da cooperação econômica entre as duas maiores potências mundiais.
O Global Times questiona se os países conseguirão superar o ciclo de conflito e retaliação, substituindo a lógica de “competição consumista” por um modelo de “crescimento cooperativo”. Para a publicação, a resposta depende da disposição das partes em abandonar políticas de rivalidade e priorizar ganhos conjuntos.
Compatibilidade entre crescimento chinês e prosperidade norte-americana
O artigo argumenta que o desenvolvimento da China é compatível com a estratégia norte-americana de crescimento econômico, simbolizada pelo slogan “Fazer a América Grande Novamente” (MAGA). O texto destaca que China e Estados Unidos podem alcançar prosperidade compartilhada, desde que reconheçam a interdependência produtiva e comercial entre suas economias.
A publicação reforça que, para potências do porte dos EUA e da China, é inviável garantir estabilidade interna através do enfraquecimento mútuo. O enfraquecimento recíproco, segundo o jornal, não contribui para a segurança econômica nem para a estabilidade internacional.
Especialização e complementaridade econômica
O Global Times ressalta que a teoria do comércio internacional comprova a importância da especialização produtiva e da complementaridade entre grandes economias para o aumento do bem-estar global. Nesse sentido, o editorial alerta que a fragmentação de mercados e o aumento de barreiras comerciais apenas reduzem a eficiência econômica e comprometem cadeias globais de valor.
O artigo também critica relações baseadas na competição e no controle de poder, classificando-as como um jogo de soma zero que resulta em perdas para ambas as partes. Em contrapartida, o jornal defende a adoção de relações centradas em crescimento incremental, com foco em soluções conjuntas e responsabilidade compartilhada na provisão de bens públicos globais.
Escalada de tarifas e contexto do conflito comercial
O conflito comercial teve início em fevereiro de 2025, quando os Estados Unidos, sob o governo do presidente Donald Trump, impuseram uma tarifa inicial de 10% sobre produtos chineses. Em março, o percentual foi elevado para 20%, e, após sucessivas retaliações, as tarifas norte-americanas atingiram até 145% sobre determinados produtos importados da China.
Em resposta, o governo chinês aplicou tarifas de até 125% sobre importações norte-americanas. O impasse, que ainda persiste, impacta setores industriais, agrícolas e tecnológicos, afetando o comércio global e aumentando o custo de insumos estratégicos.
*Com informações da Sputnik News.
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