Em um movimento diplomático inédito, o presidente dos Estados, Unidos Donald Trump recebeu na segunda-feira (10/11/2025) o presidente interino da Síria, Ahmad al-Sharaa, na Casa Branca. A visita, mantida sob sigilo até o último momento, marcou a primeira vez que um chefe de Estado sírio é recebido oficialmente em Washington desde a independência do país, em (1946). Após a reunião, o governo sírio anunciou adesão à coalizão internacional antijihadista contra o grupo Estado Islâmico (EI).
Síria obtém suspensão parcial de sanções econômicas
Durante o encontro, Trump comunicou a suspensão parcial das sanções econômicas impostas à Síria, prorrogando por 180 dias as restrições estabelecidas pela Lei César, aprovada pelo Congresso norte-americano em (2019). A decisão concede isenção temporária de seis meses, permitindo a reativação limitada de transações internacionais e a entrada de investimentos humanitários no país.
De acordo com o comunicado da Casa Branca, a decisão não revoga as sanções, mas representa “um passo técnico para incentivar a cooperação síria no combate ao extremismo”. A extinção definitiva das medidas dependerá de aprovação parlamentar, o que divide opiniões entre os legisladores dos Estados Unidos.
Contexto político e pressões no Congresso norte-americano
Nos bastidores, o governo Trump tem pressionado o Congresso a encerrar as sanções impostas ao antigo regime de Bashar al-Assad. O Senado já manifestou apoio à flexibilização das restrições, mas a Câmara dos Representantes mantém resistência. Parlamentares apontam riscos para minorias sírias e influência do lobby israelense, que teme o fortalecimento econômico do país.
Analistas afirmam que a decisão também tem impacto estratégico, uma vez que empresas norte-americanas buscam oportunidades na reconstrução síria, avaliada entre US$ 600 bilhões e US$ 900 bilhões.
Al-Sharaa e a reconfiguração política da Síria
O presidente Ahmad al-Sharaa, de 43 anos, assumiu o poder após liderar a coalizão islamista que derrubou Bashar al-Assad em (12/2024). Ex-comandante do grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS) — antiga ramificação da Al-Qaeda —, al-Sharaa figurava até recentemente na lista de terroristas internacionais do FBI, com recompensa de US$ 10 milhões por informações que levassem à sua captura.
Sua trajetória de ex-líder jihadista a interlocutor diplomático simboliza a tentativa de reabilitação internacional da Síria. Segundo o analista Nick Heras, “Trump traz al-Sharaa à Casa Branca para apresentá-lo como um líder pragmático e parceiro estratégico na estabilização regional”.
Suspensão de sanções e presença militar dos EUA na Síria
O Departamento do Tesouro norte-americano confirmou que a nova suspensão das sanções tem validade até (10/05/2026). A medida amplia a autorização para transações financeiras específicas e projetos de reconstrução supervisionados por agências internacionais.
Fontes diplomáticas informaram que os Estados Unidos planejam instalar uma base militar próxima a Damasco, com o objetivo de coordenar ajuda humanitária e monitorar o diálogo sírio-israelense. A instalação também serviria como ponto estratégico para operações de vigilância e segurança regional.
Aproximação com Israel e os Acordos de Abraão
Durante a visita, al-Sharaa manifestou interesse em aderir aos Acordos de Abraão, criados em (2020) sob mediação de Trump, que normalizaram relações entre Israel e países árabes como Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos.
Em conversa com o congressista Cory Mills, o líder sírio afirmou que está “aberto à normalização sob garantias de segurança e soberania territorial”. Como gesto simbólico, a Síria prendeu dois líderes da Jihad Islâmica Palestina, em movimento interpretado como distanciamento do Irã e das facções armadas palestinas.
Reintegração internacional e reconstrução síria
Desde que assumiu o poder, al-Sharaa tem promovido uma política de reintegração diplomática e abertura econômica. Em (09/2025), discursou na Assembleia Geral da ONU, sendo o primeiro chefe de Estado sírio a fazê-lo em quase seis décadas. O governo aposta em investimentos externos e cooperação com potências ocidentais e árabes para financiar a reconstrução do país.
A visita a Washington encerra uma série de encontros com líderes europeus e do Golfo Pérsico, reforçando o reposicionamento geopolítico da Síria e sua tentativa de retorno ao sistema financeiro internacional.
*Com informações da RFI.
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