Novo livro de Felipe Nunes analisa transformações do Brasil na última década e apresenta retrato inédito da sociedade

Obra reúne dados de quase 10 mil entrevistados e propõe novas categorias sociais e geracionais para compreender o país contemporâneo.
Obra reúne dados de quase 10 mil entrevistados e propõe novas categorias sociais e geracionais para compreender o país contemporâneo.

O cientista político Felipe Nunes lança pela Globo Livros a obra Brasil no Espelho, resultado de uma ampla pesquisa sobre valores, crenças e comportamentos dos brasileiros. Baseado em dados de quase 10 mil entrevistados em 340 municípios, o livro busca compreender quem somos, o que pensamos e como mudamos na última década.

Análise da identidade nacional

Desde os protestos de (2013), o Brasil atravessa transformações sociais, políticas e culturais expressivas. Nunes examina essas mudanças com base em 137 índices organizados em 11 dimensões, que incluem religiosidade, família, honestidade, meritocracia, ideologia e confiança. O levantamento, realizado pela Quaest, oferece uma leitura detalhada sobre as contradições e permanências que moldam a identidade nacional.

O estudo aponta que o brasileiro contemporâneo combina traços de fé, apego à família e espírito empreendedor com inseguranças e ressentimentos sociais, além de visões punitivistas em relação ao outro. Para o autor, compreender essas ambivalências é essencial para formular políticas públicas, estratégias de comunicação e decisões empresariais alinhadas ao perfil real da população.

Novas categorias de segmentação social

Um dos principais diferenciais do livro é a proposta de nove segmentos identitários, definidos pelas bolhas de valores e interesses que orientam a sociedade. A classificação inclui militantes de esquerda, extrema direita, conservador-cristãos, liberais-sociais, progressistas, agro, classe DE, empresários e empreendedores individuais.

A categorização permite compreender como visões políticas, culturais e econômicas interagem na construção da opinião pública e influenciam comportamentos eleitorais e sociais.

Divisão geracional baseada em contextos históricos

Outro destaque da obra é a reformulação das gerações brasileiras, baseada não apenas na faixa etária, mas nos contextos políticos e econômicos que moldaram cada época. As categorias incluem:

  • Geração Bossa Nova (1945–1964), formada no pós-Vargas, durante a primeira experiência democrática;

  • Geração Ordem e Progresso (1965–1984), marcada pela ditadura militar e pelo milagre econômico;

  • Geração Redemocratização (1985–1999), moldada pelo retorno à democracia e pela esperança de crescimento;

  • Geração.com (2000–2009), composta pelos primeiros nativos digitais do país.

Essas divisões revelam diferentes percepções sobre política, trabalho, religião e futuro, reforçando a diversidade de perspectivas que coexistem no Brasil.

Reflexão sobre o futuro e desenvolvimento nacional

Segundo Felipe Nunes, o livro não busca emitir juízos de valor, mas expor o reflexo objetivo do país com base na maior pesquisa já realizada sobre valores e atitudes no Brasil.

Não há um único Brasil, há vários. Convivem aqui um país tão conservador quanto o Zimbábue e outro tão liberal quanto a Suécia — e é nessa tensão que vivemos”, afirma o autor.

A publicação propõe uma reflexão sobre como traços culturais e comportamentais impactam o desenvolvimento econômico e social, oferecendo subsídios para compreender o Brasil em um cenário de polarização e mudanças estruturais.


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