A Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgou, nesta quinta-feira (06/11/2025), a atualização do relatório “Estado do Clima Global”, indicando que 2025 deverá ser o segundo ou terceiro ano mais quente da história. Segundo o documento, os últimos 11 anos, de 2015 a 2025, foram individualmente os mais quentes em 176 anos de registros.
De acordo com a OMM, a temperatura média global entre janeiro e agosto ficou 1,42°C acima dos níveis pré-industriais, valor apenas ligeiramente inferior ao recorde de 2024. O relatório destaca o aumento contínuo das concentrações de gases de efeito estufa, o aquecimento dos oceanos e a redução do gelo nas regiões polares como fatores que agravam o cenário climático mundial.
Impactos globais e riscos climáticos
A OMM relata que eventos extremos, como chuvas intensas, inundações, ondas de calor e incêndios florestais, tiveram impactos severos sobre populações, economias e sistemas alimentares em diferentes continentes.
A secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, afirmou que, diante da tendência de aquecimento, será “praticamente impossível limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C sem ultrapassar temporariamente essa meta”. Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que cada ano acima de 1,5°C intensifica desigualdades e causa danos irreversíveis.
Oceanos continuam a acumular calor
O conteúdo de calor dos oceanos manteve trajetória de alta em 2025, representando mais de 90% da energia retida pelo sistema terrestre. Esse fenômeno tem efeitos de longo prazo, como a degradação de ecossistemas marinhos, a perda de biodiversidade e o aumento da frequência de tempestades tropicais.
Além disso, o nível médio global do mar continua a subir, tendo quase dobrado desde o início das medições por satélite. O aumento passou de 2,1 milímetros por ano (1993–2002) para 4,1 mm anuais entre 2016 e 2025, conforme os dados do relatório.
Derretimento acelerado de gelo polar e glaciares
A extensão do gelo marinho do Ártico atingiu 13,8 milhões de km² em março, o menor máximo já registrado, e 4,6 milhões de km² em setembro, valor também abaixo da média. Na Antártida, tanto o mínimo (2,1 milhões de km²) quanto o máximo (17,9 milhões de km²) ficaram entre os três menores da história.
Os glaciares monitorados pelo Serviço Mundial de Monitorização de Glaciares indicam um balanço de massa anual global de -1,3 metros de equivalente em água, o que representa 1,2 milímetros de aumento no nível do mar e a maior perda de gelo registrada desde 1950.
Gases de efeito estufa atingem níveis recordes
As concentrações atmosféricas de dióxido de carbono (CO₂), metano (CH₄) e óxido nitroso (N₂O) alcançaram níveis recordes em 2024 e continuam em ascensão em 2025. O CO₂ chegou a 423,9 partes por milhão (ppm), um aumento de 53% em relação à era pré-industrial, com a maior variação anual já registrada, de 3,5 ppm entre 2023 e 2024.
Energia renovável e resiliência climática
O aquecimento global recorde elevou a demanda de energia em 2025 para 4% acima da média de 1991 a 2020. Em regiões como a África Central e Austral, o aumento foi próximo de 30% acima do normal. A integração de dados climáticos e o uso de indicadores energéticos são apontados como ferramentas essenciais para adaptar sistemas de geração e distribuição à nova realidade térmica global.
Apoio dos serviços climáticos e políticas públicas
O relatório da OMM, que servirá de base científica para a COP30, em Belém (Brasil), destaca os principais indicadores climáticos e energéticos que orientarão as negociações sobre mitigação e adaptação. Segundo a organização, 119 países já possuem sistemas de alerta precoce multirriscos, mais do que o dobro de 2015, embora 40% das nações ainda não tenham cobertura total.
Os Serviços Meteorológicos e Hidrológicos Nacionais (NMHSs) têm papel cada vez mais relevante nos planos de ação climática, com dois terços prestando serviços de monitoramento e previsão voltados à redução de riscos climáticos e apoio às políticas públicas sustentáveis.
*Com informações da ONU News.
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