O engenheiro aposentado Stefan Lippmann, de 89 anos, sobreviveu ao Holocausto após ser separado do pai e escondido em um convento católico na Bélgica durante a Segunda Guerra Mundial. Judeu alemão, ele tinha apenas três anos quando viveu o primeiro episódio de violência: a invasão de sua casa por soldados nazistas. O testemunho foi relembrado neste sábado (09/11/2025), em ato realizado em São Paulo (SP), durante a 56ª Convenção Anual da Confederação Israelita do Brasil (Conib), em memória da Noite dos Cristais.
O evento, realizado em homenagem às vítimas do ataque antissemita ocorrido em 1938, reuniu sobreviventes do Holocausto, líderes religiosos e políticos, incluindo Cláudio Castro (PL-RJ), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União-GO) e Eduardo Leite (PSDB-RS). Lippmann foi homenageado junto a outros sobreviventes, que acenderam um chanukiá em memória das vítimas.
A invasão nazista e a fuga da Alemanha
Durante o ato, Lippmann relatou que presenciou o ataque nazista à sua casa na infância.
“Eu tinha três anos de idade quando os nazistas entraram em nossa casa e quebraram tudo”, contou.
Após o episódio, sua família fugiu da Alemanha e se refugiou em um convento na Bélgica, onde ele foi escondido pela resistência local.
Seu pai permaneceu na França, onde foi preso e enviado ao campo de concentração de Auschwitz. “Soube há poucos anos que ele morreu em Auschwitz”, declarou. Sua mãe trabalhou como empregada doméstica e perdeu contato com o filho por cinco anos, período em que ele foi protegido pela resistência belga.
Reencontro e chegada ao Brasil
No fim da guerra, mãe e filho foram reunidos com auxílio de entidades judaicas que resgataram famílias separadas durante o conflito. Lippmann relatou que sua mãe tentou emigrar para os Estados Unidos, mas acabou vindo para o Brasil, onde já viviam parentes.
“Chegamos e alugamos um quarto. Eu ficava em um lar judaico durante o dia, enquanto minha mãe trabalhava”, recordou.
No Brasil, Lippmann retomou os estudos, trabalhou em diversos empregos e formou-se engenheiro pela Escola Politécnica, após cursar eletrotécnica à noite. Ele hoje participa de eventos educativos sobre memória histórica e combate ao antissemitismo.
A Noite dos Cristais e a memória do Holocausto
A Noite dos Cristais (Kristallnacht) ocorreu em 09 de novembro de 1938, quando sinagogas foram incendiadas, vitrines de lojas judaicas destruídas e milhares de judeus presos e enviados a campos de concentração. O evento é considerado o início da perseguição aberta aos judeus na Alemanha nazista.
De acordo com o Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos (USHMM), mais de 1,5 milhão de crianças judias foram mortas durante o Holocausto. O pai de Lippmann foi uma das vítimas de Auschwitz, libertado em 27 de janeiro de 1945 pelo Exército Soviético.
Historiadores, como Antony Beevor, destacam que o avanço soviético no Leste Europeu foi decisivo para encerrar o sistema de campos de extermínio. Tropas encontraram cerca de 7 mil prisioneiros sobreviventes em Auschwitz, muitos em estado grave de fome e doença.
*Com informações da Sputnik News.
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